AFONSO RODRIGUES

Então vamos nos desenvolver

“Reconhece-se um país subdesenvolvido pelo fato de nele ser a política a maior fonte de riqueza”. (Gaston Bouthoul)

Faz algumas décadas que ri com uma resposta de um provável candidato à eleição. Ainda não tínhamos a Assembleia. Eu ia saindo do fórum, e vi o cidadão agricultor e sem nenhum preparo para a política, na fila para se inscrever como candidato. Aproximei-me e falei:

– Oi, cara. Que surpresa! Está se candidatando?

– É claro que estou. Se todo mundo tem direito a essa boquinha, por que é que eu também não tenho?

Tenho certeza que você sabe o que ele quis dizer com a palavra boquinha. E se não me falha a memória, parece que ele só teve os votos dos familiares. E ainda bem. Mas ainda temos que nos preparar para melhorar, sobretudo na política. Ainda não percebemos que somos uma democracia com o voto obrigatório. O que nos leva a prestar mais atenção à intenção dos políticos que nem sempre são políticos. E os que são não têm condições de serem. E tudo parece um engodo, mas nem sempre é. É apenas um despreparo do “cidadão”. Então vamos nos preparar.

Primeiro vamos prestar atenção a nós mesmos. Afinal, o que queremos para melhorar o mundo que está começando a se afogar no lamaçal, já está quase extinto. Que é tudo que nos falta, a Educação. Vou pular esse degrau e falar de um exemplo maravilhoso. No início da década dos anos dois mil, recebi uma mensagem de minha amiga Irene, em São Paulo. Ela estava encantada com o que lera em um jornal de Nova York. Na matéria do jornal norte-americano, o jornalista dizia: “O Hino Nacional Brasileiro é o hino mais bonito do mundo”. Fiquei encantado com a matéria, e nunca ouvi um comentário, se quer, sobre o assunto.

Pouco antes da matéria do jornalista americano, um “cabeça de camarão”, intelectual de São Paulo, entrou na rádio com uma sugestão para se mudar a letra do Hino Nacional Brasileiro. A alegação do intelectual era que a letra do hino era muito clássica e os estudantes não conseguiam entender. Quem sabe, foi esse absurdo que levou o jornalista americano a elogiar o Hino Nacional Brasileiro. Tomara que você tenha assistido a esse episódio vergonhoso, com um intelectual que vai à comunicação brasileira com o propósito de mudar a letra do Hino Nacional Brasileiro.

Não foi à toa que nossa educação despencou e nos trouxe prejuízos incomensuráveis. Já estamos nos “preparando” para as próximas eleições. Em que horizonte estamos focando? Vamos enriquecer o candidato ou melhorar a nossa educação? Por que ficarmos imitando os pouco-educados, mundo a fora? Estamos à margem de um campo minado. Pense nisso.

[email protected]

99121-1460