JESSÉ SOUZA

Entra inverno e verão, mas segue o ciclo vicioso da incompetência e desleixo

Jessé Souza*

As fortes chuvas que vêm caindo em praticamente todo o Estado acabam expondo antigos problemas em relação principalmente a estradas e pontes nos municípios do interior mais afastados da Capital. Nem Boa Vista tem escapado dos fortes temporais das últimas semanas, com o transbordamento do Igarapé Mirandinha, em que uma enxurrada no passado já fez desaparecer uma mulher e a filha que estavam em um carro  arrastado pela enxurrada.

Nas próximas semanas, o inverno começará a perder suas forças e as previsões indicam que poderemos ter um super El Niño, que pode influenciar na previsão de recordes de temperaturas nos próximos quatro anos. Todos os sinais dados pela natureza indicam isso, levando em conta que nos últimos quatro anos não tivemos nenhum verão forte que preocupasse as autoridades em relação à seca extrema e incêndios.

Ou seja, desde a primeira gestão, a atual administração do Governo do Estado ainda não foi testada em relação a sua capacidade e competência para atuar no combate e prevenção a queimadas e incêndios, nem para a seca principalmente em relação aos pequenos produtores. Graças ao poder da natureza, não ocorreu o pior diante de uma gestão federal que enfraqueceu toda a política ambiental e os órgãos fiscalizadores nos últimos quatro anos.

Em Roraima, historicamente os políticos engabelam a opinião pública a cada inverno e a cada verão, jogando toda culpa e responsabilidade ao poder da natureza, não atuando com uma política efetiva de governo sequer para prevenir os problemas no inverno muito menos no verão.

No inverno, estradas se transformam em atoleiros, pontes desabam e bueiros se rompem, quando são publicados decretos de situação de emergência para arrancar recursos dos cofres públicos para obras emergenciais que nunca ocorrem. No verão, diante de queimadas descontroladas e incêndios Quando chega o verão, são as queimadas descontroladas e incêndios por todo o Estado que passam a ser o problema, mas os governantes alegam que estavam tão ocupados com as chuvas a ponto de não tere, nenhuma ação para o período de seca.

E assim vão enrolando a população e usando a desculpa do poder da natureza e de Deus para não agirem com antecedência para antecipar um plano tanto para mitigar os problemas no inverno quanto no verão. É isso o que está ocorrendo com as previsões de uma seca histórica a partir do verão desse ano. Fingem que nada está ocorrendo.

Quem anda pelos municípios do interior pode observar que os prédios do governo que abrigam as brigadas de combate a incêndios estão abandonados, enquanto deveriam estar funcionando antecipadamente para treinar pessoal e montar estratégias de prevenção. Da mesma forma, eles agem quando chega o verão, abandonando toda e qualquer estratégia para atuação no próximo inverno a fim de combater e corrigir os problemas causados pelas chuvas.

É o ciclo vicioso da incompetência e do descaso. Se nada for feito para mudar esse comportamento de desleixo e irresponsabilidade com as políticas públicas, se realmente houver o maior El Niño de todos os tempos, teremos a maior tragédia ambiental, humana e econômica dos últimos tempos. Esperem só para ver…

*Colunista

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