O último domingo foi bem diferente para mim. Eu estava vagueando pelo quintal, quando o meu filho, Rômulo, chegou e jogou-nos, eu e a Salete, dentro do carro, para irmos tomar um sorvete. Depois do sorvete demos um rolê pelas ruas tranquilas de Boa Vista. Éramos cinco pessoas: o Rômulo, a Misse, a Melissa, Salete e o cara aqui. Não sei por quê, nem qual a intenção do Rômulo. Só sei, que ele parou o carro na frente da casa do meu grande amigo Lauro Velter. Fazia muito anos que eu não via o Lauro, nem sua família. Somos amigos de longa data, desde que cheguei a Roraima e me instalei na Confiança I, no Cantá. Foi um resto de tarde maravilhoso. Voltamos para casa muito felizes. E foi aí, que me sentei, e fique meditando sobre as coisas e momentos felizes que vivi, numa aprendizagem de um agricultor que nunca tinha vivido em terras agrícolas. Eu não era agricultor, mas queria viver como tal. E fim de papo.
Isso e muito mais, aconteceu em 1981, quando eu e Alexandre, chegávamos do Rio de Janeiro para sermos agricultores, na Confiança I. E foi aí que conheci o Lauro. Um dos maiores amigos que construí em Roraima. Devo muito ao Lauro, pelo que ele fez para me ajudar no desenvolvimento de minha área rural. Anos depois o Lauro casou-se, deixou a Confiança e instalou-se em Boa Vista. Nós nos víamos com frequência, sempre que eu vinha a Boa Vista. No rolar do tentado à aprendizagem, que vivi, sempre recorria a amigos, o que é natural para um cara que saiu do Rio de Janeiro para ser agricultor, em Roraima, sem nenhuma experiência em agricultura. Mas foi uma aventura que me orgulha muito.
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Certo dia, caminhando pela minha área, deparei-me com um espaço maravilhoso, conhecido como capinarana. Encantei-me e resolvi plantar, ali, melancia e melão. Já me haviam dito que eu ficaria rico com melancia e melão. As sementes já tinham brotado, quando comecei a cismar dos pesinhos de melão, que não cresciam. Foi aí que resolvi pedir ajuda ao amigo Lauro. Naquela manhã o Lauro chegou e fomos até a plantação, para o exame. Sentei-me enquanto o Lauro caminhava pelo meio da plantação, e comecei a desconfiar que ele estava meio preocupado. Logo ele desistiu da caminhada, veios até mim e ficou coçando o queixo, como se estivesse com algum problema. Já desconfiado, perguntei:
– Que tal, tudo em ordem?
Ele ficou um tempinho sem falar, e sem olhar para mim. Mas virou-se e falou sério:
– Meu amigo… isso aí não é melão, é PEPINO. Por isso não cresce!
Rimos muito. Pense nisso.
99121-1460