Jessé Souza

Esfirra Bolsonaro e islamofobia 4608

Esfirra, Bolsonaro e islamofobiaA condenação do deputado federal Jair Bolsonaro (PSC-RJ), em uma ação de indenização por danos morais, movida pela deputada Maria do Rosário (PT-RS), é apenas um pequeno passo para combater essa onda de extremismo e intolerância que descamba para o que é mais odioso no ser humano, o preconceito, o racismo, o machismo, a xenofobia e outras ações reprováveis.

Aos que querem levar esta questão para o outro extremismo, o ideológico ou o partidarismo, a decisão do Superior Tribunal de Justiça (STJ), que manteve a condenação, não afeta os direitos políticos de Bolsonaro, ou seja, não o torna inelegível porque a lei da Ficha Limpa não se aplica a casos na esfera cível.

Dias atrás, um caso revoltante ocorreu no Rio de Janeiro, quando um ambulante sírio, que vendia esfirra em praça pública, foi violentamente agredido de forma verbal por outro ambulante, que visivelmente transtornado clamava por um nacionalismo doentio e exibia uma islamofobia que tem sido alimentada nas redes sociais.

Assim como se pregou um medo ao “comunismo”, como se isto ainda fosse possível no terceiro mundo comandado pelo capitalismo, tem-se pregando o medo ao islamismo, com mentiras propagadas de que um navio com milhares de mulçumanos iria aportar a qualquer momento, na costa brasileira, trazendo “terroristas”, “estupradores”, “extremistas religiosos” e tudo aquilo que pregam os xenófobos sobre a religião islâmica.

Em um país como o Brasil, onde não há guerras nem ameaça por parte de países vizinhos, os mais incautos e desprivilegiados intelectualmente externam seus medos mais secretos por meio do preconceito, que nada mais é do que falta de informação, de desconhecimento.

Se não houver punição a atos como o de Bolsonaro, assim como o do ambulante que atacou um sírio por puro preconceito e xenofobia, iremos transformar o “país tropical e de pessoas acolhedoras” em um país de intolerância, extremismo e preconceito.

As redes sociais se tornaram esse terreno fértil em que as pessoas perderam o medo e a vergonha de agirem de forma agressiva, intransigente e inescrupulosa.  Essa maneira de alimentar o sectarismo e a ignorância das pessoas está saindo do virtual para chegar às ruas, em que uma pessoa pode ser agredida em via pública só por pertencer a uma minoria ou por ser apontada como uma ameaça a ser eliminada.

É preciso combater isso com educação, desde a infância. No entanto, para os que não querem ser conscientizados nem educados, as condenações judiciais, a exemplo da imposta a Bolsonaro, já representam algum caminho, um alento.

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