Jessé Souza
Estado de Roubaima 03 12 2014 349
Estado de Roubaima Jessé Souza* No domingo passado, o programa Fantástico, da Globo, apresentou material jornalístico sobre o desvio de milhões de reais em Alagoas, no qual empresas contratadas pela prefeitura da cidade de Joaquim Gomes são acusadas de surrupiar os cofres públicos, enquanto a população daquela localidade vive na penúria. Quem assistiu à reportagem pôde notar que o caso se parece muito com o que está acontecendo com o Estado de Roraima neste momento. Lá o dinheiro público, que devia ir para a saúde, educação e saneamento sumiu sem qualquer explicação e foi parar no bolso de empresários e políticos corruptos. Aqui, no Estado e Prefeitura, a situação é muito semelhante principalmente no setor de saúde, onde as pessoas estão penando na hora de ser atendidas. Os dois governos decretaram situação de emergência, o que significa comprar e contratar serviços sem licitação, porém o caos permaneceu ou até mesmo piorou. O Fantástico exibiu vídeos que comprovariam o recebimento de dinheiro por parte dos vereadores: oito vereadores dos 11 e o ex-secretário de Saúde de Joaquim Gomes, que chegaram a ser presos por determinação da Justiça por receberem propina para compor a base aliada do prefeito afastado. O dinheiro pago aos vereadores era desviado das secretarias municipais de Saúde e Educação. Também nada muito diferente de Boa Vista, onde vereadores recebem dinheiro por meio de contratos de aluguéis de caçamba ou obras destinadas a empresas comandadas por testas de ferros dos políticos. No caso de Alagoas, o que mais impressionou foi o depoimento de um dos empresários acusados de fazer parte do esquema corrupto. “Desviar dinheiro da prefeitura, depois que a gente se acostuma com isso aqui, é um vício. Não pensa nos estudantes, nas crianças que estão sem merenda. Pensa só no dia seguinte para poder tirar o dinheiro. O que tiver a gente tira tudo, não deixa nada”, disse. Esse depoimento representa com veracidade o que ocorre hoje, em Roraima, em todos os níveis de governo, onde a corrupção se instalou definitivamente, tirando dinheiro da Educação e da Saúde, deixando o setor público no sucateamento e o povo no sofrimento. As auditorias do Tribunal de Contas do Estado (TCE) indicam a ação de uma quadrilha na saúde pública roraimense, que se apropria criminosamente do dinheiro que deveria estar sendo usado para salvar vidas, mas que vai parar nas contas particulares de políticos e empresários igualmente corruptos. O mesmo ocorre na Educação, com escolas sucateadas e transporte escolar endividado – isso só para citar apenas dois problemas. Os recursos que deveriam ser aplicados na melhoria da segurança pública e no sistema prisional também desaparecem sem explicação, permitindo a criminalidade avançar sobre a sociedade sobressaltada com presídios que se tornaram incapazes de manter os bandidos fora de circulação. O “Estado de Roubaima” precisa ser freado o quanto antes. E a sociedade espera que as autoridades fiscalizadoras e judiciais ajam rápido. Ou será que está todo mundo vendido e contaminado pela corrupção? *Jornalista [email protected]