O Estado de Roraima saiu de um período de forte estiagem, com seca e incêndios, e está entrando para a estação das chuvas, as quais prometem ser mais rigorosas a partir do próximo mês, sem que tenha havido um plano de governo organizado e efetivo para socorrer à população tanto no verão quanto no inverno.
A tragédia ambiental no Rio Grande do Sul acabou mostrando que, quando se tem interesse político, as coisas funcionam muito bem, obrigado. Em um momento de grande comoção e solidariedade, o Governo de Roraima enviou uma equipe de 15 bombeiros militares para prestar socorro às vítimas das enchentes no Estado gaúcho.
A mesma agilidade e organização para enviar ajuda ao Sul do País não foram colocadas em prática quando os municípios precisaram da ação efetiva do Corpo de Bombeiros para ajudar a enfrentar o avanço do fogo nos lavrados dos municípios e pontos turísticos, a exemplo da Serra Grande, no Cantá, e Serra do Tepequém, no Amajari.
O Amajari foi um dos municípios que foi mais castigado pelo fogo, mas nem por isso houve interesse político do governo para socorrer à população, especialmente os pequenos produtores, os quais perderam animais e plantações. Houve pequenos pecuaristas que tiveram que vender o rebanho a preços irrisórios para que o gado não morresse de sede ou queimado.
A Defesa Civil Municipal não tem estrutura e efetivo suficientes, por isso não pôde fazer muita coisa quando o fogo encrudesceu, ficando muitas vezes sozinho junto com a comunidade que, sem outra alternativa, foi para a linha de fogo sem preparo e equipamentos, no máximo com galhos de árvores e baldes com água.
Como a tragédia no Rio Grande do Sul tornou-se uma vitrine, o governo local não tardou para se organizar e divulgar o feito, que foi parar nos principais jornais brasileiros. Porém, o mesmo empenho não foi colocado em prática quando o fogo avançou sobre o Estado. Com toda certeza, não haverá também para socorrer os municípios roraimenses que já começaram a sofrer as consequências das chuvas.
O fato é que as autoridades locais nunca tiveram um plano organizado para prevenção e enfrentamento ao fogo, à seca e às enchentes. Entra inverno e verão e tudo é feito na base do improviso e na falta de vontade política. Por isso, o envio de ajuda ao Rio Grande do Sul mostra que estrutura tem, o que não tem é vontade política para ajudar a população roraimense quando ela mais precisa.
*Colunista