Estamos nos últimos dias do ano, e um dos pontos positivos que devemos levar para 2024 é o fato de a Serra do Tepequém ter se consolidado como o principal ponto turístico de Roraima. E isso apesar das ausências substanciais do poder público de uma forma geral, em todas as esferas, se esquivando de suas responsabilidades básicas para garantir ao menos infraestrutura necessária.
Tepequém alcançou esse nível graças à comunidade e aos empreendedores locais, especialmente os pequenos, que não se intimidaram com a falta de apoio e correram atrás de seus propósitos. A política partidária geralmente só tem olhos para aquilo que dá retorno para o bolso de alguns ou de grupos; e dinheiro do turismo não passa pelas mãos dos políticos, talvez por isso o flagrante descaso.
Há um grande diferencial em Tepequém, além do esforço do empreendedorismo que não espera pelos governos. Não se trata apenas de tomar banho de cachoeira na hora de lazer ou de ter locais para aventureiros. A começar porque há sempre uma experiência a ser experimentada, uma delas o clima serrano que proporciona noites de encontros e encantos, quem sabe regadas a um bom vinho.
Existe uma paisagem sempre bela para onde se apontar o celular, colocando o visitante não apenas em uma paisagem instagramável, mas dentro de um momento especial de um local que antes era escavado em busca do brilho fácil do diamante, mas que agora respira uma natureza revivendo e explodindo em qualquer cor, seja em um fim de tarde único ou de um céu azul a perder de vista a qualquer hora do dia.
As cachoeiras são apenas um brinde especial, um momento de se refrescar e celebrar a alegria diante de uma experiência que poucos locais proporcionam. Há pousadas para todos os gostos, inclusive para quem quer só descansar e curtir o clima especial. Ou campings para aventureiros mais exigentes. Ou, quem sabe, a residência de uma família local pronta para acolher o visitante e, quem sabe, contando histórias de garimpeiros e almas penadas ou coisas de outros mundos.
É por isso que o turismo ganhou força, a despeito dos descasos governamentais, despertando os olhares atentos dos que sabem que o turismo é mais do que geração de renda e emprego, mas também de preservação, de qualidade de vida e bem-estar de quem busca na natureza uma renovação para encarar a dura batalha do dia a dia nas cidades cada vez mais congestionadas e quentes.
É isso o que roraimense deve levar para 2024: a aposta no Turismo como um setor importante para a economia, para a preservação do meio ambiente e essencial para proporcionar experiências que garantam qualidade de vida para todos, algo que vem sendo atropelado nas grandes cidades. A Serra do Tepequém, ao se estabelecer como um ponto turístico consolidado, pode ser esse exemplo para um Estado rico em potencial, mas pobre em políticas públicas para o setor.
*Colunista