Falando de Negócios

FALANDO DE NEGOCIOS 14155

A terceirização das responsabilidades

Um dos maiores problemas que vivemos na atualidade é a desresponsabilização. As pessoas passaram a arrumar culpados para tudo, menos admitir os seus erros.

Quem nunca ouviu alguém transferindo responsabilidade? Dizendo que a culpa pelo “malfeito” foi do outro e que ele não teve participação alguma? De que todos os seus problemas são originados na pessoa do lado ou na pessoa com quem vive, e jamais admitindo a possibilidade dos seus erros?  Aquela pessoa que faz questão de olhar para o outro com olhares de pré-julgamento, assumindo o verdadeiro codinome de “Professor de Deus”?

Nessa semana vamos abordar esse tema tão presente em nossas vidas. As grandes consequências deste comportamento é a criação de um clima onde você não sabe como agir. Surgem inúmeras dúvidas sobre os comportamentos, quem está com a razão e o que aquilo significa no dia a dia das relações, sejam elas pessoais ou profissionais.

Nas organizações esse tipo de comportamento se identifica com maior clareza em momentos de crise ou de grandes mudanças estruturais. As pessoas que não acompanharam a evolução do mercado, passaram grande parte dessa evolução se escondendo atras da sua incompetência e na hora que é chamada para assumir seu papel descobrem que o tempo passou, eles não acompanharam e as máscaras começam a cair.

Mas e aí? Até que o super profissional, dono da verdade, dono do mundo ou professor de Deus, como queiram, seja desmascarado por completo, ele ainda fará um grande estrago. Por ter se escondido o tempo todo, ele substituirá a “moita” por algumas “pessoas” que receberam toda sua ira de incompetência e assumiram responsabilidades que ele não teve coragem de assumir.

Quando os novos tempos chegam, vem com ele a necessidade de identificação e confirmação das habilidades e competências da equipe, ou seja, os comandados precisam agora, mais do que nunca, mostrarem seu comprometimento com a organização em uma nova etapa de evolução. Mas o que passamos a ver é um jogo do “empurra pro outro”. Os subordinados começam a se revoltar com a valorização de pessoas que não contribuíram como os resultados alcançados, começam a se desmotivar pela total miopia de gestão. Valorizam os “enroladores” e deixam de lado os reais “fazedores”. Mas onde está a transferência de responsabilidade? Está no ato da delegação de tarefas sem o ciclo completo de comando, que leva o subordinado a efetuar tarefas que deveriam ter sido feitas pelo seu superior e não foram feitas. No final do processo, quando a cobrança vem, o galho quebra do lado do mais fraco e o que deveria assumir sua postura de liderança (desde que fosse líder pleno) arruma uma série de culpados para cobrir o buraco aberto por ele.

A reversão desse quadro somente ocorre quando a equipe deixa de lado o MEDO e usa o RESPEITO como regra de convivência. Nesse momento também surge aquele que dirá algumas verdades, apresentará alguns fatos e apresentará os grandes responsáveis pela evolução da empresa, que entre eles não será citado o grande “enrolador” do processo.

Estamos vivendo cada vez mais a DESRESPONSABILIZAÇÃO, ou seja, tarefas dadas são construídas de forma superficial, mal comunicadas, mal acompanhadas, mal monitoradas e temos como resultado algo bem abaixo do esperado. Essa desresponsabilização encobre algo bem maior. As empresas erram na hora da contratação de gestores, não identificam a deterioração do clima organizacional com a criação do MEDO como cultura e o respeito como raridade. Os gestores do topo da pirâmide, uma pequena parcela, vem se entregando a “cultura da bajulação” e deixando de escutar o que é necessário para uma tomada de decisão.

Tem gente que está confundido DESCENTRALIZAÇÃO com DESRESPONSABILIZAÇÃO e são conceitos totalmente diferentes. A descentralização nas organizações se dá quando a estrutura funcional internalizou a cultura da organização, suas metas e objetivos como um todo e a equipe funciona como um relógio, bem ajustado e ciente da sua tarefa. Na desresponsabilização que acompanhamos nos dias de hoje, o que vemos é um verdadeiro aramado de coisas. Todos querem os louros da conquista, mas ninguém quer dividi-los com quem ajudou a construi-la. O egoísmo surge como uma característica ímpar. Eu crio, eu faço e eu comemoro sozinho e os erros do meio do caminho, foi de alguém, menos do verdadeiro responsável.

É importante destacar que quem não carrega consigo algumas características básicas, jamais estará preparado para assumir o comando das equipes e sempre transferirá ao outro a sua fragilidade e insegurança na execução de uma tarefa. Saber dizer “NÃO SEI FAZER” não diminui ninguém, deve ser levado como uma prova de maturidade e a garantia que os erros, poderão aparecer, mas em número menor, pois a organização irá buscar mais informações que não tinha. Não custa nada identificar POTENCIAIS e colocá-los a prova. Existem uma infinidade de talentos dentro das nossas empresas, mas eles estão sedentos por oportunidades e muitas vezes elas nunca chegam e a carga acaba ficando mais pesada. As empresas estão COMEMORANDO cada vez menos suas conquistas, muitos podem justificar como uma política de “redução de custos”, mas outros fazem questão de deixar os grandes protagonistas das conquistas no anonimato. Comemorar é uma ferramenta de reconhecimento e, portanto, de motivação da equipe. Para completar as belas características de um bom líder e sua equipe, trazemos mais uma vez a baia a falta de HUMILDADE do líder que olha para o seu liderado querendo que ele seja o mais humilde possível, mais a humildade pelo lado da humilhação, da falta de respeito, do assédio moral e do pouco ou nenhum reconhecimento e muito menos humanidade. Esse ser que faz parte da fileira dos “Cavaleiros do Apocalipse” esconde no seu interior uma incompetência muito grande e na maioria das vezes não é a gestão racional, mas sim a falta de EMOÇÃO na condução das relações. Esse tipo de postura cria um exército baseado no MEDO como falamos anteriormente, mas pior do que isso cria um exército sabotador de marcas e projetos, onde o grande responsável pelo FRACASSO é o mesmo que se vende como o responsável pelo SUCESSO. Curiosamente, ele não assume o fracasso pois já arrumou alguém para levar a culpa.

Por isso, tome cuidado com os que se intitulam “Donos da Verdade”, “Sabedores de Tudo”, conhecedores de “Todos os Assuntos” e donos de todas as “Fórmulas Mágicas” da vida, pois podem estar escondendo na sua arrogância a sua maior e melhor característica é a de INCOMPETENTE MOR.  

O melhor de tudo é parar de buscar CULPADOS e sim, encontrar SOLUÇÕES.
Ninguém culpado pela nossa infelicidade e nem pela nossa felicidade, a única pessoa que pode mudar a sua história é você mesmo. Não terceirize responsabilidade, culpas e muitos menos sentimentos.

Por: Weber Negreiros