O CHOQUE ÉTICO DAS LEIS DO PODER III – ESCONDA SUAS INTENÇÕES
Projeto de poder deve sempre levar em consideração as pessoas e os meios, deixando claro que as pessoas acompanharam todo o processo, estando ao seu lado ou não. Por isso a necessidade de saber classificar quem está com você e quem está contra você. Os meios são fundamentais para definir a percepção de quem está ao seu redor, da forma como você jogou, se jogou dentro das quatro linhas ou sai cometendo penalidades dentro e fora do campo. A sua longevidade no poder depende de como você tratou as pessoas a os meios que utilizou para chegar a ele.
Chegamos a nossa terceira lei do poder, dentre as 48 Leis do Poder, de Robert Greene, observando sempre os conflitos éticos que permeiam cada uma delas.
No nosso artigo dessa semana, vamos tratar da lei número 3:
Lei número 3: OCULTE AS SUAS INTENÇÕES – Mantenha as pessoas na dúvida e no escuro, jamais revelando o propósito dos seus atos. Não sabendo o que você pretende, não podem preparar uma defesa. Leve-as pelo caminho errado até bem longe, envolva-as em bastante fumaça e, quando eles perceberem as suas intenções será tarde demais.
Essa é uma lei que se confunde com algo que é bastante defendido no mundo dos negócios e no campo da estratégia. A não divulgação aberta de planos, ou seja, não propagar demais os próximos passos de uma pessoa ou organização. É sabido que quanto mais você fala ou aparece, mais olhares você atrai para si e com isso, a inveja, comentários, boatos e intrigas passam a rodear seus projetos, propósitos e ações colocando em risco a sua execução.
Como falado no nosso artigo da releitura a segunda lei do poder, temos que saber com quem compartilhar os nossos projetos e quem estará inserido neles. As vezes comentamos com pessoas que achamos estarem alinhados com os nossos propósitos, mas no final descobrimos que no fundo não combinam com eles e – mesmo que inconscientemente – acabam compartilhando com concorrentes ou com pessoas que se incomodam com o sucesso e a evolução do próximo.
A afirmação de que para ter poder verdadeiro, você precisa ser capaz de deixar as pessoas perdidas e desinformadas ela é dúbia, pois “ninguém faz nada sozinho”. Todos precisam um dos outros para alcançar seus objetivos, porém não podem dar as pessoas apenas o valor de “utilidade”, senão se corre o risco de formar uma fila de seguidores do projeto de poder que ao final se sentiram como verdadeiros “imbecis uteis”, usados, enganados e frustrados, onde apenas um chegou ao sucesso e os outros serviram apenas de trampolim.
Claro que o “segredo é a alma do negócio”, mas o segredo se reveste de diversas formas, como por exemplo: selecionar quem irá fazer parte do projeto; os limites da informação a ser compartilhada, não revelar todas as suas intenções, desviar a atenção de quem não torce por você, montar seu exército de seguidores comprometidos com o objetivo, multiplicar a informação desejada, adotar ações assertivas e ter foco na ação.
Outro ponto que devemos observar é que nas 48 Leis do Poder, o autor não fala somente de como conquistar o poder, mas também de como cuidar para não o perdê-lo. Observando por esse prisma, esse discurso vale para quem deseja obtê-lo ou tomá-lo, mas também para quem o ajudou a conquistar. Isso leva a vários cuidados, mas o principal é saber diferenciar o joio do trigo.
As pessoas que acompanharam você na construção e consolidação do projeto, não podem e nem devem ser esquecidas, mesmo que a premiação não venha a curto prazo. Quem esteve presente nas dificuldades da conquista, deve estar presente na hora da vitória. Já as pessoas que funcionaram como pedras no caminho, pesos a serem carregados e cavaleiros do apocalipse desejando o insucesso todos os dias, não precisam nem ser lembrados, nem para o sarcasmo, muito menos para vinganças. O tempo se encarrega de reordenar a colheita e todos sabem: “Você colhe exatamente o que planta”.
A prudência é um dos grandes aliados da terceira lei do poder, mas além dela temos que ter em mente que o poder conquistado na plenitude é uma grande máquina que pode se reverter em crescimento das pessoas e das organizações, mas também pode ser uma história triste, pois chegam ao poder “pessoas ruins” também e normalmente se revestiram de “pele de cordeiro” para vender uma imagem ou perfil que não existe e lá na frente a máscara cai e o projeto de poder se revela e as piores intenções também.
Então aqui mais uma vez vemos a máxima de que o PODER em si não tem nada de maligno, o problema está nas pessoas que o buscam e nos seus objetivos de tê-lo. Elas atropelam, massacram, assediam e ignoram o básico do respeito e o princípio da boa convivência.
Num projeto de poder, existem duas coisas que nãos e dissociam e uma delas são as PESSOAS e a outra, os MEIOS que o levaram ao sucesso ou fracasso do projeto. Pessoas serão úteis, antes, durante e depois da conquista e os meios serão o que definirão o tempo que você passará no comando, podendo ser longevo se as pessoas não forem descartáveis e muito breve se as pessoas descobrirem que foram usadas.
Fechando esse nosso terceiro artigo sobre as 48 LEIS DO PODER faria apenas uma adaptação na terceira lei, baseada nos argumentos acima apresentados:
NA FALE DEMAIS – OCULTE AS SUAS INTENÇÕES E FALE APENAS O NECESSÁRIO –
Defina seu projeto de poder com sabedoria e prudência, escolhendo quais são os atores que aturam com você na realização do projeto, mantendo as pessoas que se opõem e não são confiáveis na dúvida e no escuro, jamais revelando o propósito dos seus atos. Não sabendo o que você pretende, os inimigos e invejosos não podem preparar um plano de sabotagem. Deixe-as longe do projeto e, quando eles perceberem as suas intenções será tarde demais. Fale apenas o necessário e com as pessoas que torcem de verdade por você.
Por: Weber Negreiros