Falando de Negócios

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O CHOQUE ÉTICO DAS LEIS DO PODER IV – DIGA MENOS QUE O NECESSÁRIO

Pode parecer conflitante quando tratamos o ato de falar como algo que pode nos levar ao sucesso ou ao fracasso, mas tudo vem do ponto de vista de quando você deve usar suas habilidades e competências para falar ou mesmo para ficar em silêncio. Uma palavra jogada ao vento pode ter um efeito devastador e o silêncio pode salvar você de muitas armadilhas. Por isso é importante ter sabedoria e entender que falar por falar não significa um processo completo de comunicação, sem que você tenha conhecimento de tudo que está sendo tratado e o que se pretende com esse momento.

Chegamos a nossa quarta lei do poder, dentre as 48 Leis do Poder, de Robert Greene, observando sempre os conflitos éticos que permeiam cada uma delas.

No nosso artigo dessa semana, vamos tratar da lei número 4:

Lei número 4 – Diga sempre menos do que necessário: Quando você procura impressionar as pessoas com palavras, quanto mais você diz, mais comum aparenta ser, e menos controle da situação parece ter. Mesmo que você esteja dizendo algo banal, vai parecer original se você tornar vago, amplo e enigmático.

Sem dúvida alguma, uma frase se encaixa perfeitamente a quarta lei do poder? “Quem fala demais dá bom dia ao cavalo”. Parece uma frase grosseira, mas no fundo identifica a necessidade que temos de, ao nos comunicar, fazer com que a mensagem chegue ao receptor com a menor quantidade de ruídos possíveis. Porém, existem pessoas que tem uma necessidade muito grande de se sentir no comando ao monopolizar conversas e as transformando em monólogos, chatos e pouco produtivos. Além do mais, quanto mais você fala, mais exposição você ganha e, portanto, suas fragilidades também se evidenciam.

Então significa que devo falar menos? Não é isso, apenas devemos ao entrar em um ambiente, onde o diálogo se faça necessário, avaliar todas as variáveis. Temos locais que precisamos impressionar, outros locais que precisamos nos colocar como mero coadjuvantes e outros que devemos atuar como mediadores e analistas de cenários.

Começando a explicação pelo primeiro cenário, temos que ter a clareza que impressionar, não significava vomitar palavras ou argumentos. É necessária uma base de conhecimento sobre o que está sendo tratado, sobre os pontos que devem ser abordados, as pessoas que se farão presentes no momento, o alvo da apresentação e por fim seus objetivos em relação a esse momento. O Falar por falar cria armadilhas que podem aprisionar definitivamente a pessoa. O discurso usado, pode funcionar mais ou menos como a frase dita por um agente de segurança quando ele aborda um criminoso ou suspeito: “Tudo que você falar pode ser usado contra você”, ou seja, não é apenas abrir a boca, mas ter cuidado com o que será dito, seus impactos e consequências. Outro ponto que merece reforço é você correr longe de discursos prontos ou que tentem impressionar com dados que você não detém o controle ou conhecimento pleno sobre eles. Hoje existem ferramentas que colocam em dúvida toda e qualquer afirmação. O doutor GOOGLE é um aliado dos que querem ver você escorregar numa casca de banana. Em síntese, escorregar em argumentos pouco sólidos colocam em risco cada palavra proferida e o projeto desejado.  Essa primeira preocupação embasa perfeitamente parte da quarta lei do poder, mas quando você tiver conhecimento, dominar o assunto, ter firmeza nos argumentos e identificado ameaças e oportunidades do ambiente, você tornará seu discurso em um momento de consagração, deixando apenas como ato final a cereja do bolo.

No segundo cenário, onde devemos nos comportar como coadjuvantes, também temos que saber exatamente o motivo que nos leva a ficar apenas como observadores sem direito a “voz e voto”, ou seja, apenas ouvindo, mas de preferência sem escutar. As vezes nos pegamos em ambientes onde, no final das contas, falamos para nós mesmos que preferíamos ser surdos para não ouvir e cegos para não ver determinados atos. Esses momentos, cada vez mais, fazem parte do nosso dia a dia, pois num mundo onde tudo se tornou público, cada vez mais a “discrição” vem dando lugar ao “esnobismo”, fazendo com que as pessoas com quem você fala sejam os grandes propagadores do que foi dito, mas com o risco da falta de filtro e de noção em relação as informações, o que pode chegar aos ouvidos de todos com uma série de deturpações. Não significa que você não tire lições desse momento, mas quanto mais distante ficar, menos chances de você ser relacionado como uma das pessoas que levou a informação a frente (cheia de ruídos) e ser chamado de fofoqueiro.

No terceiro cenário, temos uma fusão do primeiro com o segundo. Nele precisamos ter o conhecimento pleno das informações e a inteligência de saber a hora de falar e a hora de silenciar. O impressionar nesse cenário dá lugar ao chamar a atenção pela capacidade de dialogar e mediar as opiniões contrárias, fazendo com que seu bom senso possa representar a melhor alternativa. As pessoas gostam, no meio das discussões, de posicionamento assertivos e embasados. Não são apenas argumentos, mas sim uma análise rápida do cenário e um posicionamento novo e diferente do que está posto na mesa de discussão. Um bom mediador se destaca e pode representar uma fonte inesgotável de consultas para as pessoas que até momentos antes, de sua intervenção, pareciam perdidos.

Temos que ter clareza ao saber que o silêncio é a única resposta que podemos dar aos tolos, porque em ambientes tomados pela ignorância, a inteligência não dá palpites. Ficar em silêncio não significa ficar ausente da discussão. O silêncio parece vazio, mas é extremamente poderoso e responde muitas perguntas.  

Fechando esse nosso quarto artigo sobre as 48 LEIS DO PODER faria apenas uma adaptação na quarta lei, baseada nos argumentos acima apresentados:

Diga sempre menos do que necessário, mas quando falar saiba do que está falando: Você não precisa impressionar as pessoas com excesso de palavras, palavras
rebuscadas ou mesmo termos que distancie as pessoas. Fale sempre no nível do público, sem a necessidade de que seu discurso revele estratégias ou mesmo planos para os ouvintes. Saiba orbitar entre o ator principal, um mero coadjuvante e o mediador, em todas essas posições as pessoas analisarão seu comportamento, portanto ocupe seu espaço falando, escutando ou mediando de forma inteligente.

Por: Weber Negreiros