Jessé Souza

Faroeste do lavrado 16 10 2014 158

Jessé Souza* As redes sociais estão cheias de informações sobre os mais mirabolantes esquemas de compra de votos no segundo turno, em Roraima. Quem convive com a política partidária sabe que, na maioria dos casos, essas denúncias têm um fundo de verdade. Não podemos esquecer que, em 2010, houve até gente jogando dinheiro pela janela do carro, crime este flagrado pela Polícia Federal, mas que não deu em nada porque simplesmente a Justiça decidiu que não haveria como provar a origem do dinheiro, mesmo que o carro de onde o pacote de dinheiro saltitou tenha acabo de sair de um comitê eleitoral. O que mais revolta os cidadãos de bem desse Estado é que esses esquemas contam com a colaboração ativa das instituições que têm por obrigação garantir a ordem, a justiça e a preservação das leis. Isso significa que as instituições estão contaminadas por gente de todas as esferas do poder, fazendo das instituições sérias seus instrumentos espúrios para corromper e manter os grandes esquemas que sustentam a corrupção nos governos. Cada pleito eleitoral tem o poder de tornar o crime institucionalizado, especialmente a compra de votos, quando homens e mulheres da lei passam a agir à margem, renunciando a todo e qualquer juramento que fizeram, ao se formar, em defesa da sociedade. A campanha eleitoral, neste sentido, tornou-se um período jurássico onde lei não tem valor e instituições sérias se tornam instrumentos fora da lei. É um filme de faroeste do lavrado em que a estrela do xerife não se diferencia do revólver do bandido. Tudo se iguala em nome da corrupção eleitoral. É mais desalentador saber que os órgãos fiscalizadores e as forças federais mostram-se impotentes para combater esse faroeste eleitoral, pois a compra de voto no Brasil não é combatida como um crime organizado – como ele realmente é -, financiado pelo dinheiro desviado da saúde, educação, segurança e de outros setores. Quadrilhas especializadas em comprar votos não são consideradas como efetivamente um crime organizado como qualquer outro, pois estes criminosos usam paletó e gravata, são chamados de “vossa excelência” e os coronéis ainda batem continência para eles. Aliás, é crime chamá-los de criminosos. Além do mais, o povo aplaude, defende e ainda se reúne na frente de suas casas oferecendo seus votos, em vez de repudiar e denunciar a feira eleitoral. Estamos em uma sociedade contaminada de cima para baixo. Somente uma ação aos moldes do que a Itália fez para combater os mafiosos começaria a mudar este quadro. Como é impensável isso ocorrer por aqui, então vamos continuar chamando de “excelência” aqueles mafiosos que comandam as quadrilhas que vão comprar os votos neste segundo turno. Deus salve Roraima, porque os homens já estão com suas almas vendidas. *Jornalista [email protected]