Fatos muito preocupantes Jessé Souza* Enquanto as pessoas discutiam sobre a prisão do ex-presidente Lula (PT), se avanço ou retrocesso político no país, ao longo da semana que se passou, um fato já vinha se desenrolando em Roraima e que merece muita atenção: a apreensão de drogas no posto de fiscalização de Jundiá, perto da divisa com o Amazonas, no sul do Estado, e em Boa Vista; além da apreensão de armas sendo traficadas por uma jovem integrante de facção que iria embarcar em um ônibus para Manaus (AM).
Não há como dissociar o avanço da criminalidade em Roraima, na Capital e interior, com o confronto entre membros de facções criminosas, da ação forte do tráfico de drogas e de armas. O Estado geograficamente favorece esses tipos de crimes, pois estamos localizados numa área estratégica, em duas fronteiras, com a Venezuela, ao norte, e Guiana, a leste.
A primeira apreensão de droga, na sexta-feira, foi feita pela Polícia Federal e Polícia Militar em Jundiá, no Município de Rorainópolis, durante a Operação Sentinela, ação esta retomada recentemente e que por longos anos foi desativada, permitindo um tráfico livre de drogas e de bandidos pela BR-174. Ao longo desse tempo, a cidade de Rorainópolis foi invadida pela droga e ocupada pelo crime organizado.
A segunda apreensão ocorreu na noite de sábado, em um hotel no Centro de Boa Vista, quando dois traficantes foram abordados e reagiram, resultando em um bandido preso e outro morto. A investigação partiu da Polícia Civil do Município de Mucajaí, a centro-oeste do Estado, também na BR-174, outra cidade dominada pelas drogas. E o que surpreende é que o traficante morto tratava-se de um policial rodoviário federal lotado no Amazonas, revelando fatos preocupantes.
Um deles é a atividade intensa da rota de drogas pela BR-174, de norte a sul, que tem como destino o Estado do Amazonas, tendo Boa Vista como passagem dos traficantes que agem a partir das duas fronteiras, em especial a da Venezuela. O outro fato é a participação de um policial rodoviário, o que demonstra que a corrupção não é um mal somente na política, mas em todas as instituições, de forças policiais a poderes constituídos.
A prisão de uma jovem com armas, a qual confessou ser integrante de facção, só confirma todo esse cenário do poder do crime organizado, que coopta policiais e autoridades, usando Roraima como rota de drogas e armas pesadas. E não haverá um avanço no combate à criminalidade no Estado se as autoridades não coibirem a rota criminosa pela BR-174, além de combaterem possíveis desvios e corrupções dentro de seu sistema. O desafio é grande.
*[email protected]: www.roraimadefato.com,br