Bom dia,

Hoje é quinta-feira (12.11). Faltam três dias para o dia da votação nestas eleições municipais. Embora este processo eleitoral tenha sido quase atípico, com menos reuniões e duração da campanha por conta da pandemia do Covid19, eleitores e eleitoras tiveram tempo o suficiente para analisar os candidatos e suas propostas, bem como para saber o que essas candidaturas representam no contexto mais geral da política no estado. A escolha, é claro, vai representar a vontade do eleitor/eleitora, que embora possa não ser a melhor, tem de ser respeitada se queremos viver numa democracia, que tem entre seus fundamentos a alternância de poder.

E será que os eleitores/eleitoras boa-vistenses irão às urnas com todas as informações para fazer a convicção de que seus votos são os mais acertados, do ponto de vista da escolha dos candidatos e suas propostas. Parece que não. Numa realidade marcada pela imensa capacidade de manipulação da informação, com versões suficientemente fortes para influenciar a compreensão dos eleitores, estas eleições de Boa Vista, estarão marcadas por lacunas que infelizmente toldaram o ambiente da campanha eleitoral.

Por exemplo, ninguém mais falou naquele sequestro de um apresentador da televisão ligada ao ex-senador Romero Jucá (MDB). O sequestro parece ter existido de fato, afinal, não é razoável imaginar que alguém participaria de uma simulação com consequente resultado de fraturas pelo corpo. E, se ele existiu de fato, quem o executou, e a mandado de quem? Qual a razão de um sequestro sem exigência de resgaste e ou de roubo de seus pertences? A apuração policial teve o tempo suficiente, seja por parte da Polícia Civil, ou Polícia Federal, para elucidar o episódio. Apurá-lo seria fundamental para que o eleitor/eleitora boa-vistense conhecesse melhor o caráter e a natureza dos caciques que comandam local.

E tem mais coisas ainda que restaram sem o devido esclarecimento necessário à formação de juízo dos que votarão no próximo domingo para escolher a futura administração municipal da capital roraimense. É o caso do dinheiro encontrado na cueca do senador Chico Rodrigues (Democratas). A grana, e isso é fora de dúvida, estava mesmo escondida sob a roupa íntima do político, mas as razões que motivaram a operação de busca e apreensão em sua residência estão marcadas de mistérios, depois que o secretário estadual de Saúde declarou, publicamente, que os processos que fundamentaram a decisão do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Luís Roberto Barroso, não geraram qualquer prejuízo ao Erário Público. Até hoje, os órgãos de fiscalização não deram uma única resposta sobre isso.

Há, também aquela operação, sem resultado concreto até agora, que ocorreu no âmbito de um antigo processo de apuração, contra um ex-deputado federal, com mandado de busca e apreensão em dependências de suas empresas. Ambos os episódios foram explorados à exaustão nesta atual campanha eleitoral. A Parabólica, não tem a menor intenção de inocentar ninguém. Mas parece, até aqui, que algumas inciativas tiveram endereços muito seletivos.

ADVERTÊNCIA

A advertência, pelas redes sociais, vem do acreditado médico Lúcio Távora: “Roraimenses! Fiquem em casa. Se possível, não vá nem votar. O sistema de saúde, do estado e da prefeitura, entrou em colapso. Superlotação e sem medicação!”. Ele está se referindo ao crescimento de casos e de mortes por conta do Covid19, em Roraima. Ontem, segundo os dados de Ministério da Saúde, as mortes por conta da pandemia cresceram 700% no estado.

Sem dúvida, um das causas da derrota de Donald Trump para Joe Biden nas eleições norte-americanas foi a forma desastrada com que o presidente estadunidense tratou a pandemia do Covid19. Ele a minimizou e teve um comportamento pessoal desafiador às recomendações dos médicos e autoridades sanitárias do país. Resultado: a sociedade mais opulenta e tecnologicamente mais avançada do plante, registrou o maior número de casos e de mortes de pessoas pelo Covd19. O fato foi explorado pelo partido Democrata, e o eleitor estadunidense, com cidadania, mandou Trump de volta para seus negócios.

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O número de mortes em Roraima por Covid19, que se aproxima de 700, representa proporcionalmente mais de 400 mil mortes, levando em conta a base populacional daqui e da lá. Os eleitores norte-americanos tiraram o mandato de Trump, por entenderem que ele lidou, como presidente, muito mal no enfrentamento da pandemia, que teria resultado na morte de pouco mais de 200 mil pessoas. Aqui, no ápice do surto pandêmico, os doentes iam aos postos médicos alegando sintomas do vírus, mas eram mandados para casa para aguardarem o agravamento da doença, sem qualquer remédio ou prescrição médica. E pelo andar da carruagem, o eleitor/eleitora boa-vistense não está nem aí para isso. Credo! Quanto os sentimentos de cidadania fazem falta.