Jessé Souza
Faxina geral 12 11 2014 268
Faxina geral Jessé Souza* Não se muda o Brasil apenas trocando o presidente ou a presidente. No atual quadro político, poderia assumir o Papa que ainda assim seria muito difícil transformar a realidade para melhor. É preciso, antes de tudo, uma faxina geral começando pelos vereadores, subindo para os deputados estaduais, deputados federais e senadores. A faxina precisa ser de baixo para cima, e não de cima para baixo. Vejo gente bradando por mudanças em nível nacional, mas votando nos mesmo bandidos locais. Vejamos a realidade da Assembleia Legislativa, para onde voltaram os principais articulares dos esquemas que jogaram Roraima para o buraco. Para completar o quadro, sem titubear, o povo elegeu um denunciado acusado de desvio milionário de recursos da saúde pública, a qual está largada ao caos, sem condições de pagar fornecedores, com pouco número de especialistas para atender a demanda, sem material, sem remédios e com estrutura ultrapassada. Na Câmara de Vereadores, a opinião pública não tem noção da política feita por grupos e para grupos, onde nada se fiscaliza e todo jogo de poder é feito para manter tudo como está. Sem mostrar trabalho em favor da coletividade, a Câmara tem servido tão somente de escada para políticos alçarem voos mais altos, conquistando mais poder e se elegendo para cargos maiores. Então, se o povo não cuidar do lugar onde mora, se não fizer uma assepsia da Câmara de Vereadores à Assembleia Legislativa, do Senado à Câmara Federal, de nada adiantará somente acreditar que um presidente ou presidenta poderá mudar os rumos do Brasil. O Brasil de verdade ocorre nos municípios, onde as pessoas vivem e se conhecem. Daí a importância de pensar a política como um bem necessário para se construir uma nova realidade. Não se pode mudar o mundo se esta transformação não começar pela nossa casa. Roraima é o exemplo mais concreto da forma atrofiada de se fazer política. O Governo Federal, ao longo dos governos, tem enviado uma montanha de recursos para o Estado, mas a dinheirama que chegou não foi aplicada devidamente para seus fins, indo parar no bolso de políticos desonestos, que ficaram ricos do dia para noite, enquanto a população empobreceu. Não há como mudar o Brasil se municípios e estados continuarem sendo engolidores vorazes de verbas públicas federais, que não são aplicadas para o desenvolvimento e o bem-estar coletivo. Roraima, se aplicasse ao menos a metade do que chega, era para ser um Estado exemplar para o mundo, com geração de emprego, sem casas de madeira, sem ruas esburacadas, sem hospitais falidos e escolas caindo aos pedaços. Logo, antes de querer transformar o mundo, comecemos a arrumar a nossa casa, a nossa cidade e o nosso Estado. Não existe um herói apenas que consiga ajeitar o Brasil se a mudança não começar por baixo. É preciso tomar consciência disso antes que o buraco fique maior. *Jornalista [email protected]