Fé e Ciência
Essa semana vamos abordar um tema que nos intriga e que cria verdadeiros céticos. Estamos acostumados a vivenciar experiências todos os dias que nos colocam como atores principais ou coadjuvantes em qualquer processo. Alguns acreditam que tudo que acontece com a gente é destino, outros, que tudo é sorte ou azar, alguns outros, é uma força superior e um número crescente que não acredita em nada. Os donos da verdade ou arrogantes intelectuais.
Estamos diante do dilema da ciência em conflito com a fé. A crença que vivemos em um mundo onde seu movimento é conduzido por uma força maior e onde outros acreditam que são movimentos facilmente explicados pela ciência. Mas tudo se explica com a ciência? A fé é apenas uma bengala disponível para quem está sofrendo ou quem tem muito a comemorar? As respostas são as mais diversas possíveis e traremos por meio de exemplos, dando alguns caminhos para que vocês passam responder ou ficar mais intrigados.
Caso 1 – Um assalto está em pleno andamento na avenida de uma cidade movimentada e esse crime envolve uma mulher que está desesperada querendo chegar ao seu trabalho. Do outro lado um jovem bem afeiçoado e que tenta roubar o carro da mulher. O assalto transcorre entre gritos de desespero e o apelo da mulher que se identifica como médica e que precisa chegar ao hospital com urgência para realizar uma cirurgia. O assaltante sem a menor piedade arranca brutalmente a médica de dentro do seu veículo e leva o carro, despendendo fuga em alta velocidade. Depois de dar destino ao produto do roubo, o assaltante se dirige a sua casa e chega entusiasmado com o que fez e começa a chamar por sua mãe. A chama por diversas vezes e descobre que ela não está em casa. No mesmo momento toca o telefone e é uma atendente de um hospital público informando que sua mãe deu entrada em estado grave, mas que veio a óbito pela falta da médica que iria fazer o atendimento e que ficou impossibilitado por conta de um assalto onde levaram o seu veículo. Coincidência? Fatalidade? O criminoso é mais uma vítima das desigualdades sociais? A ciência ou a fé explicam o ocorrido?
Caso 2 – Um jovem estudante, dedicado, comprometido e sonhador busca emprego desesperadamente para ajudar sua família na composição da renda. Por não ter ainda terminado os estudos teve que se submeter a uma ocupação de baixa remuneração, mas necessária para o momento vivido pela família do jovem. Ele é contratado como vendedor de calçados e estava sob a supervisão de um verdadeiro cavaleiro do apocalipse, que torcia pelo seu fracasso e o colocava em várias situações desconfortáveis para testá-lo e tentar fazê-lo desistir. Mas para esse jovem o foco e o desejo de fazer bem-feito estavam à frente de tudo. Passados meses a empresa começou a olhar com outros olhos para o promissor profissional e na primeira oportunidade de promovê-lo o fez, a chefe de setor. Então mesmo com todas as adversidades conseguiu se projetar dentro da empresa e poder sonhar mais alto. Sorte? Esforço? Lei do retorno? Cálculos feitos por especialistas de mundo em empreendedorismo ou carreira? A ciência ou a fé explicam esse fato?
Caso 3 – Uma pessoa bem-sucedida que por erros sucessivos na vida perdeu tudo e passou a ter inúmeras provações. Passou a ter dificuldade de ter acesso ao básico, comida. Sem dinheiro para levar para casa o essencial e perdendo todos ao seu redor por conta das dificuldades, pensou várias vezes em tirar a própria vida. Ele tinha uma pessoa que o ajudava nos afazeres de casa e já estava há algum tempo sem ter como honrar seus salários, mesmo assim essa pessoa não o abandonou. Em um belo dia, voltou a casa, depois de passar a manhã toda na rua atrás de trabalho e sabendo que não teria nada em casa para comer, mas quando chegou se deparou com uma mesa repleta de comida. Feijão preto com tudo dentro, farofa de ovo, charque frito e uma pequena tigela de ovo. Claro que o susto foi acompanhado de uma pergunta. Essa senhora era chamada de “TIA” por ele e assim que viu aquela bela mesa perguntou: “Tia de onde apareceu essa comida, já que não tinha nada aqui? Ela de bate pronto respondeu: “Eu trouxe um pouco do que eu tinha em casa para dividir com você”. O sentimento de gratidão tomou conta do ambiente e essa história de cumplicidade e parceria já duram mais de 30 anos e hoje a “Tia” está doente, com diabete, impossibilitada de trabalhar, mas não teve nenhum direito seu retirado por conta das suas limitações por conta da doença. Reconhecimento? Gratidão? Sorte? Estudos complexos de redistribuição de alimentos no mundo? Fé ou ciência?
Os três casos nos levam a repensar cada novo amanhecer, nos levam a começar a nos preocupar com as gerações futuras, já que a geração de aço (do tudo suporta e que se vira para reverter dificuldades) está dando lugar a geração de cristal, onde conceitos e inovações fragilizam cada vez mais um mundo em decadência (o mundo do mimimi). Estamos tratando nossos problemas de forma superficial e buscando explicações mirabolantes para o que já foi simples. Por exemplo: no caso do assaltante, alguém buscava salvar vidas, outro corria o risco de acabar com vidas. Uma buscava alimentar o coração com a possibilidade de devolver alegria e dignidade a um enfermo, enquanto o outro não conseguia enxergar o que estava acontecendo dentro de casa. No segundo caso o esforço foi recompensado pela resiliência, pelo respeito, pela força de vontade e pelo compromisso firmado com a família de poder ajudar nas contas de casa. Do outro lado, nesse caso específico, temos os cavaleiros do apocalipse se fazendo presentes mais uma vez, para querer transferir suas frustrações para a vida dos outros. No terceiro caso, um dos sentimentos mais desprezados pelo ser humano hoje, esteve presente durante todo seu relato que é a gratidão. Deixamos de agradecer e substituir pelo prazer de reclamar. E no final das contas nos transformamos em pessoas que nada contribuem para a melhoria dos ambientes.
Vocês devem estar perguntando se a pergunta será respondida sobre fé e ciência e é claro que será. A resposta é mais simples do que a complexidade criada por ambas as áreas. Uma briga que beira a discussão de quem veio primeiro o “ovo ou a galinha”. Mas vamos simplificar as coisas, pois a vida é curta demais para vivermos complicando. A ciência tem seu valor sim, as pesquisas, descobertas, evoluções, curas, análises complexas de cenários, enfim o estudo é fundamental na busca de soluções que tragam melhorias para a vida das pessoas. A fé é o grande propulsor da vida. Quem não acredita em algo maior tem dificuldade de entender o básico. Quando acordamos pela manhã, devemos agradecer. Quando a oportunidade aparecer agradeça também. Quando seu filho nascer agradeça. Quando você conquistar algo agradeça. Quando você tropeçar e cair agradeça, pois isso servirá de experiência para que novos
tombos não ocorram. Não existe sucesso sem o conhecimento do que é fracassar. Não existe ciência sem fé, não existe vida sem fé, não existe conquista sem fé e jamais existirá explicação sem que o inexplicável para muitos não esteja presente.
Trabalhe forte, sonhe grande, pense positivo, saia da sua zona de conforto, dê ouvido a todas as informações que a ciência disponibiliza, mas jamais perca a fé, nas pessoas, em você e numa força superior que chamo de Deus.
Por: Weber Negreiros