Jessé Souza
Figuras repetidas 04 11 2014 234
Jessé Souza* Ao irem às urnas este ano, os eleitores se mostraram incisivos ao sinalizar que querem mudanças na forma de administrar o governo. Esse discurso tornou-se latente nas redes sociais e existe uma perspectiva de que o governo que assumirá a partir de 2015 possa mudar o quadro atual. Porém, é necessário que se fique atento aos nomes que serão nomeados que irão ajudar a administrar o Estado a partir do que se vem. O que se tem observando nos últimos governos são os mesmos secretários assumindo ou fazendo um rodízio nas pastas como forma de manter os grandes esquemas. Até aqui, os governantes não mostraram nenhum interesse em mudar a forma viciada de nomear as mesmas pessoas para pastas importantes, secretários estes que vêm se mantendo ao longo de várias administrações e alguns trazidos de fora como se aqui não houvesse ninguém com competência para gerir o bem público. Não se trata de achar que o governo deve ser comandado somente por pessoas de Roraima ou por aqueles que aqui moram. Mas é necessário buscar soluções junto a profissionais locais que tenham provada competência para trabalhar de forma técnica, com conhecimento amplo de suas áreas de atuação. Mas, em política, a competência não é prioridade. O que se viu, até o momento, foi a nomeação de pessoas que ficam estrategicamente nos diversos setores para fazer a engrenagem da corrupção funcionar, mantendo os grandes esquemas responsáveis por afundar o Estado. Se for feita uma análise, é possível observar no atual governo nomes de secretários que vêm se repetindo por quase duas décadas, além de outros que ocupam cargos de segundo escalão que mostram não ter outra função na vida a não ser servir a repetidos governos, os quais são usados como eleitorais. Logo, não haverá mudança na forma de se administrar o Estado, visando à transformação desejada e expressada pelo povo na eleição ao governo, se as mesmas peças viciadas e defeituosas forem sendo mantidas, pois é de conhecimento público que boa parte do secretariado dos governos tem servido à manutenção de um quadro que só beneficiada aqueles que se locupletam dos cofres públicos. O governo que se encerra em dezembro é o exemplo mais recente do que é possível uma forma de administrar longe dos anseios populares, com seguidas denúncias de corrupção em diversos setores e um Estado que mal consegue pagar os servidores públicos no fim do mês (isso apenas para citar um dos reflexos imediatos no bolso do cidadão). O Estado só ainda não faliu porque os cofres públicos vazios logo se enchem de novo. Porém, Roraima não conseguirá caminhar mais longe se esta forma de governar permanecer. E a mudança deve começar com o fim dos vícios e de crimes perpetuados por meio dos mesmos secretários que ajudaram a afundar o governo. Se isso começar mudar, já será um alento. *Jornalista [email protected]