Jessé Souza
Fogueira e frigideira 30 09 2014 89
Jessé Souza* O assunto, que já foi tratado aqui diversas vezes, ganhou destaque no Fantástico, o programa global de domingo: o crime organizado se fixou em Roraima. O assunto não chega a ser nenhuma novidade para que mora aqui. A novidade é que agora o Brasil ficou sabendo que a facção paulista do crime e que atua em outros estados criou uma franquia no Norte. Enquanto os grandes empreendedores ainda estão descobrindo o nosso Estado, construindo shoppings, trazendo franquias e hotéis, os bandidos já estavam recrutando criminosos para fortificar a filial que tem como sede o Estado de São Paulo. A franquia paulista do crime chegou antes das grandes franquias comerciais brasileiras e muito antes dos shoppings. Mas que ninguém pense que o nosso Estado seja incompetente nessa história de montar sua própria franquia criminosa, made in Roraima. Isso nós já temos há muito tempo. A corrupção, no Estado, é organizada e seus negócios prosperam mais que o comércio formal. Há franquias do crime atuando na Saúde, na Educação, na Segurança Pública, no Transporte, no Saneamento Básico e principalmente o mais novo modelo franqueado: a Terceirização de serviços e mão-de-obra. Se os corruptos locais se estabeleceram de forma competente, estava mais que óbvio que a facção criminosa de São Paulo não encontraria dificuldade para também montar sua filial por aqui. Só existe uma grande diferença entre as duas franquias: enquanto a da facção criminosa manda matar autoridades, a da corrupção age na base do dinheiro e das benesses, sem ameaçar de morte os magistrados. Mas, no quesito mortes de pessoas, a franquia dos engravatados mata mais: nos hospitais sem remédios e sem leitos, no trânsito largado ao descaso, nas escolas que perdem a adolescência para a marginalidade, na insegura pública… e por aí afora. Como eu escrevi na semana passada, o fato é que o Estado está tomado pelo crime, na cúpula política e na base da sociedade, onde atua a facção criminosa paulista. Enquanto a franquia da corrupção ataca os cofres públicos e faz sofrer a população por meio da desassistência ou ineficiência; na base, os criminosos liderados a partir de outros estados assaltam o comércio e o cidadão, matando e gerando insegurança para todos. Resumindo tudo isso em poucas palavras, o Estado de Roraima está tomado pelas franquias do crime, seja pelos criminosos de colarinho branco, seja pelos bandidos de alta periculosidade. Logo, a situação do povo roraimense é apenas uma: se pular da frigideira, cai na fogueira. *Jornalista [email protected]