Jessé Souza

Frigideira e fogueira 3093

Frigideira e fogueiraO barulho das urnas, em 02 de outubro, parece não ter ecoado como deveria pelos lados daqueles que levaram uma surra eleitoral. É fato que a prefeita Teresa Surita (PDMB) teve uma campanha milionária em relação aos demais e ainda foi beneficiada pelas montanhas de recursos federais destinados a realizar as obras que embelezaram o Centro de Boa Vista e alguns poucos setores dos bairros mais afastados.Mas é fato também que o grande descontentamento do eleitor em relação ao que foi prometido e não cumprido pelo grupo que comanda o Governo do Estado pesou bastante na hora de os eleitores terem ido às urnas. A começar pela promessa de se fazer uma auditoria e, por conseguinte, apresentar o resultado para a sociedade e aos órgãos fiscalizadores, para que aqueles que quebraram o Estado fossem responsabilizados.Esse grupo que comanda o governo recebeu, sim, os cofres públicos quebrados, com o Estado já caminhando aos trancos e barrancos. E o que se vê hoje, com pais de famílias sem receber seus salários do funcionalismo público em dia, é consequência de uma administração anterior que deu o empurrão fatal para o buraco, sob o comando do mesmo político que hoje dá as cartas na Prefeitura de Boa Vista, conhecido por todos como o “senhor Petrolão”.Porém, o que o eleitor roraimense esperava é que realmente fosse aberta essa “caixa-preta” a partir de uma auditoria que nunca chegou a acontecer, a não ser um relatório que nada mais dizia o que já sabíamos: o Estado estava quebrado. Como medidas realmente saneadoras não foram tomadas, não demorou para a corda arrebentar do lado mais fraco, o do servido público e dos cidadãos mais pobres pagadores de imposto, que bancam a conta.Os mais ricos que ajudaram a quebrar o Estado seguiram livres, pois pensar em mexer com esse grande esquema que circunda os cofres públicos parece improvável, com os ricos cada vez mais ricos e os pobres cada vez mais pobres, agora sem receber seus salários integralmente, golpeando a única coisa que funcionava por aqui, a chamada economia do contracheque.Como os políticos decidiram se preservar lá em cima, sendo proibido falar em “auditoria”, “caixa-preta” ou algo neste sentido, obviamente que alguém terá que pagar o pato, notadamente que não são os políticos influentes muito menos empresários ou outros endinheirados. Logo, não restou ao eleitor a não ser mandar o recado nas urnas. Mas o que ele não conseguiu enxergar é que, sem outra alternativa, pois será impensável sanear esse Estado sem que os ricos deem sua parcela de contribuição, o eleitor estará caminhando para 2018 no antigo estilo de pular da frigideira para cair na fogueira. Afinal, é sempre o pobre que paga a conta. *JornalistaAcesse: www.roraimadefato.com/main