Jessé Souza
Gigante e o Petrolao 02 04 2015 814
Gigante e o Petrolão – Jessé Souza*
A grande mobilização do dia 15 de março (não por acaso era a data de posse de governos militares no Brasil) sequer ecoa mais no mundo político. O gigante novamente foi deitar. Ele havia apenas se levantado para cuspir e beber um pouco d’água para hidratar o pesado corpo.
No que pesem as reivindicações absurdas, como a defesa de um “golpe branco” dos militares para que eles tomassem o poder, a manifestação mostrou que, quando o povo quer, ele pode sair de casa, no domingo, com a família, e ir para praça pública protestar.
Mas o que restou disso? Quais foram as consequências? Meteu medo nos políticos corruptos? Pouca coisa restou, a não ser o momento histórico de mobilização, pois os meandros da política continuam os mesmos, com os envolvidos em corrupção dando as cartas na Câmara Federal e no Senado, fazendo do Congresso uma grande fachada.
Não precisa ser um bom entendedor de política para perceber que o governo do PT é de coalizão, com o PMDB à frente do Congresso e mandando no governo há muito tempo, inclusive com os seus líderes atolados os pés na lama do Petrolão. Se o PT mostrou símbolo do que não presta no Brasil, ele não fez isso sozinho, muito embora exista uma campanha massiva na mídia e na internet para que as pessoas creiam nisso piamente.
Seria bom que, quando o gigante se levantasse novamente para beber água, que aponte o dedo para o Congresso Nacional, que precisa ser desratizado a fim de que o Brasil possa pensar em mudanças. E, antes de dormir de novo, precisa pensar também que é o povo que elege esses corruptos que estão lá, fazendo suas negociatas.
Não pense que esses caciques políticos irão presos. Já está sendo armado um grande teatro para que apenas alguns empresários e seus cúmplices cumpram pena em casa, com tornozeleiras e, daqui a alguns anos, serem beneficiados pela lei frouxa desse país, que tolera bandidos engravatados.
Se o gigante quiser acordar de novo, então que acorde nas eleições municipais de 2016 e, dois anos depois, em 2018, nas eleições gerais, quando os barões da corrupção vão bater à porta dos eleitores para novamente pedir o voto para que se mantenham no poder.
Infelizmente, houve muita manipulação para que se realizasse a mobilização de 15 de março, em especial por aqueles que achavam que poderia haver um terceiro turno eleitoral para a Presidência do Brasil ou mesmo dos paranoicos que pediam a intervenção do Exército.
É preciso que cada cidadão acorde antes de fazer o gigante se levantar. A faxina tem que ser geral e a desratização precisa começar a partir do voto individual de cada pessoa. Porque, senão, de nada adiantará tirar o PT do poder mantendo os mesmos corruptos no Congresso. Eles vão seguir rapinando não apenas a Petrobrás, mas todo o conjunto de patrimônio do governo brasileiro.
*Jornalista – [email protected]