Golpe de misericórdia
Depois de dar o calote no povo, ao repassar para o contribuinte a conta do diesel para que os caminhoneiros encerrassem a manifestação que parou o Brasil, agora o governo Temer (MDB) vai cometer outra atrocidade contra a sociedade brasileira. Para bancar a instalação do recém-criado Sistema Único de Segurança Pública (SUSP), Temer assinou uma Medida Provisória (MP) que destina R$ 5 bilhões, que serão retirados da arrecadação das loterias federais para financiar o novo sistema.
Esse recurso sairá das verbas destinadas ao esporte amador, mais precisamente de entidades que trabalham com projetos destinados a atletas que vêm de famílias pobres e dos que participam de programas sociais que revelam talentos no esporte em comunidades de baixa renda em todo o país. Como se sabe, o esporte tem a capacidade de tirar crianças e adolescentes da ociosidade e aponta uma esperança para o futuro.
Significa que o governo, para tentar sanear a segurança pública, vai retirar recursos de quem trabalha com ações preventivas à violência, colocando em prática a “política do cobertor curto”, como fez no caso dos caminhoneiros, subsidiando o diesel, retirando recursos da saúde, educação e ações sociais. É cobrir um santo e descobrir outro.
O caos que o país está passando na segurança pública é resultado não só de falta de recursos para a segurança e de mais polícia na rua, mas também de ausência de ações e projetos que previnam a entrada de crianças e adolescentes no mundo do crime, os quais são aliciados nas periferias das cidades devido à ociosidade ou pela incompetência do poder público em proporcionar esporte, lazer, cultura e projetos de inserção no mercado, a exemplo do programa menor aprendiz.
Em Roraima, os bairros periféricos são exemplos de ausência dos governos, que não chegam para ocupar com suas ações, deixando o corpo e a mente de jovens e adolescentes nas praças públicas não mais para o esporte e o lazer, e sim para a ociosidade, que leva às drogas (lícitas e ilícitas), em um primeiro momento, e à delinquência, que é um passo para o mundo do crime.
Enquanto as autoridades locais não conseguem sequer colocar ordem no maior presídio do Estado, a Penitenciária Agrícola de Monte Cristo (Pamc), os criminosos vão ganhando mentes e corações de adolescentes e jovens, que vivem sem perspectiva de vida nos bairros mais populosos. E as praças públicas estão lá, servindo de primeiro contato dos adolescentes com os aliciadores. E o Governo Federal dá o golpe de misericórdia no pouco que ainda existe.
*Colaborador [email protected] Acesse: www.roraimadefato.com/main