JESSÉ SOUZA

Governos precisam se preparar para o novo normal das mudanças climáticas

Imagem mostra seca no Amazonas que revelou despreparo dos governos para enfrentar nova realidade das mudanças climáticas

As autoridades em todos os níveis de governo na Amazônia precisam estar preparadas para o novo normal das mudanças climáticas, que é secas e enchentes cada vez mais severas e constantes. No Estado de Roraima, os eventos durante o período de seca já mostraram essa urgente necessidade diante os incêndios florestais e queimadas descontroladas no lavrado.

Invernos passados revelaram os impactos não apenas no meio ambiente, mas também na economia roraimense, quando enchentes interditaram a principal rodovia, a BR-174. E as previsões apontam chuvas rigorosas que este ano terminarão por revelar antigos problemas, especialmente para quem mora no interior do Estado em áreas onde os governos não costumam chegar.

O relatório Estado do Clima na América Latina e no Caribe 2023 da  Organização Meteorológica Mundial (OMM), que embasa decisões sobre mitigação das mudanças climáticas, adaptação e gerenciamento de riscos em nível regional, alerta as autoridades para seca, calor, incêndios florestais e chuvas extremas que tiveram grandes impactos na saúde, segurança alimentar e energética e no desenvolvimento econômico dos países.

Um fato apontado no relatório destaca a necessidade de mais investimentos nos Serviços Meteorológicos e Hidrológicos Nacionais para fortalecer previsões e alertas precoces que podem salvar vidas, a exemplo do que está ocorrendo no Rio Grande do Sul. Há cada vez mais necessidade de os governos estarem de olho nos serviços meteorológicos a fim de adotar políticas públicas tanto para secas severas quanto para chuvas intensas.

No entanto, o documento afirma que os governos da América Latina e Caribe fornecem apenas serviços meteorológicos “básicos ou essenciais”, com apenas 6% fornecendo serviços “completos ou avançados” para apoiar a tomada de decisões em setores sensíveis ao clima. É necessário política de governo para esse novo normal das mudanças climáticas.

Roraima deu exemplo dessa necessidade durante uma das secas mais severas dos últimos anos, entre 2023 e 2024, mas parece que todos já se esqueceram. E o inverno chegou e muitos irão sofrer os impactos de chuvas rigorosas sem que as autoridades tenham se preparado para enfrentar alagamentos, estradas interditadas, pontes de madeiras arrastadas e falta de estrutura para socorrer pequenos produtores, que são os que realmente põem comida na mesa da população.

Ou encaramos esse novo normal de frente, sem negacionismo, ou estaremos impondo principalmente aos pequenos e mais pobres as consequências drásticas desse despreparo governamental. Passamos pela seca e fogo, e agora iremos passar pelas fortes chuvas com suas enchentes e outras consequências danosas.

*Colunista

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