

Embora a situação ocorra com frequência no Município do Amajari, ao Norte de Roraima, o problema também é uma realidade em quase todos os municípios do interior: a falta de caixa eletrônico e de dinheiro na casa lotérica para fazer pagamento de quem recebe benefícios sociais. Quem mais sofre são as pessoas que moram em assentamentos e comunidades indígenas afastados da sede administrativa.
Mensalmente, as pessoas que recebem o Bolsa Família e outros benefícios sociais do governo precisam sair da região onde moram para se dirigirem até a sede do Amajari com a finalidade de fazer o saque em dinheiro. No entanto, essas pessoas são obrigadas a passar a manhã toda na fila esperando para sacar porque nunca há provisão de dinheiro na única casa lotérica.
A lotérica espera que os comerciantes da Vila Brasil depositem dinheiro em quantidade suficiente para que possa pagar o benefício social das pessoas, cujos valores variam de R$600,00 a R$1.300,00. E haja sofrimento, pois não existe garantia de que haverá depósito naquele dia. E, quando alguém deposita, nem sempre há valores suficientes para pagar todos, o que obriga a lotérica a limitar o valor a ser sacado por cada pessoa.
Para piorar, o único caixa eletrônico, instalado na sede da Prefeitura do Amajari, sempre apresenta problemas, ou porque não está abastecido de dinheiro ou porque não funciona mesmo por defeito na máquina. Esta semana, o terminal de autoatendimento da Caixa ficou inoperante. Além disso, os comércios nem sempre aceitam o cartão do Bolsa Família para fazer compras, impondo aos beneficiários um sacrifício para sacar dinheiro a cada mês.
Todo mês há uma humilhação para quem depende do benefício social para sobreviver. Se torna um tormento para quem mora distante da sede, pois estas pessoas geralmente dependem de carona, uma vez que não há transporte público, nem sequer serviços de transporte de Vans ou de ônibus regularmente. E ninguém faz nada para amenizar esta vergonhosa situação.
O mínimo que o poder público poderia fazer é um entendimento entre a Caixa Econômica e a casa lotérica para haver provisão de dinheiro suficiente para pagar tranquilamente todos os beneficiários. Quem geralmente acaba beneficiado com esse problema são comerciantes das vilas, que cobram geralmente 10% sobre o valor do saque dos beneficiários do Bolsa Família.
Em outros municípios do interior, especialmente em terras indígenas, há inclusive comerciantes que retém o cartão de quem é obrigado a fazer compra na base do fiado, uma vez que muitos não tem condições de viajar para a cidade a fim de sacar o dinheiro. Fora os espertalhões que se oferecem para fazer o saque em Boa Vista e ficam com boa parte do valor sacado ou até mesmo mentem que não havia nenhum valor para sacar.
É necessário que as autoridades se sensibilizem com esta grave situação, que humilha os mais pequenos, os submetendo não apenas a situações vexatórias, mas também os deixam vulneráveis a exploração de todo tipo e a golpes financeiros. Com certeza, o problema não se limitar ao Amajari, onde há uma população indígena numerosa, sendo esta parcela a mais vulnerável.
*Colunista