Nem Moro nem Lula – Jessé Souza*
O PT foi construído em bases sólidas a partir de movimentos sociais, trabalhadores urbanos e rurais, indígenas, além de pessoas pobres que acreditavam em um país menos injusto. E todos sabem como esse partido chegou ao poder. Porém, a cúpula petista traiu todos os que acreditaram neste projeto, fazendo acordos espúrios para chegar ao poder e sendo mais um governo a manter antigos esquemas corruptos. Apenas mais um.
Porém, isso não significa que essas pessoas que creram em um país melhor agora caiam nessa armadilha que vem sendo montada, dividindo o país em dois extremos: o país de Moro e o país de Lula. Nem e nem outro. Moro vem atropelando o Estado democrático de direito, e isso é perigoso porque já sabemos no que pode chegar quando o Estado é aparelhado para atacar quem ele acha se tratar de uma ameaça.
Aqueles que lutaram por um país democrático, em favor dos trabalhadores e das minorias, não podem cair na cegueira que muitos chegaram sob a enganação da Operação Lava Jato. Nem pode entrar nessa onda de querer defender Lula só pelo fato de não concordar com essa trama da Lava Jato.
Esses dois extremos jamais podem ser confundidos com “Céu e o Inferno”, nem a luta do “bem contra o mal”. Nem o PT representa mais os trabalhadores brasileiros – e isso vem desde os acordos espúrios feitos ainda no tempo de Lula – nem o juiz Moro e sua Lava Jato visam realmente passar o país a limpo, de verdade.
O povo não pode aderir as essas duas histerias, pois nenhum dos lados é benéfico para os mais pobres, a não ser para uma elite política ou a elite econômica, seja de que perspectiva for analisada a questão. A sociedade precisa aproveitar esse fosso que se abriu para pensar em um novo Brasil e uma nova forma de fazer política.
É preciso juntar o que restou de bom das organizações do passado e não se deixar levar nem pelo discurso de Lula nem pelas canetadas de Moro com a espetacularização da Operação Lava Jato, querendo induzir a população a um extremismo sem precedentes.
É preciso que as lideranças de movimentos sociais e as camadas mais pobres da população ocupem esse buraco que se abriu e não sigam nenhuma dessas avalanches que estão sendo montadas. Mais que nunca, o Brasil precisa de sobriedade neste momento crítico para não se deixar enganar e tomar um caminho que não beneficiará as camadas desprivilegiadas da população.
A base que ajudou a erguer o PT precisa se levantar e acordar para que comece a construir um novo Brasil, longe dos gritos histéricos em favor de Moro e da Lava Jato ou em favor de Lula e do PT. As armadilhas estão aí. Livremo-nos delas.
*Jornalista – Acesse: www.roraimadefato.com/main