Jessé Souza

JESSE SOUZA 11471

O pequeno empreendedor come o pão que o diabo está amassando

Um fato é inegável: no meio desse turbilhão criado pela pandemia, as pequenas empresas são as que mais sofrem o grande impacto que pode decretar o fechamento de muitas delas. Quase ninguém estava preparado para essa mudança brusca do presencial para o virtual, do cara a cara para o delivery, das gôndolas para o drive thru.

A prioridade é salvar vidas, obviamente, mas é importante destacar que, apesar do que ocorrer, a vida tem que seguir, com pessoas se readaptando ao novo normal, desempregados se reiventando em novas realidades com e empresas se recriando diante das normas vigentes e no que puder se agarrar para não soçobrar.

As autoridades sanitárias e governos são cobrados e obrigados a se empenharem em busca de soluções imediatas. O povo é chamado a dar sua contribuição e assumir suas responsabilidades. Mas quem está se empenhando pelos pequenos negócios? Que mobilização ou plano existe para apoiá-los, mostrar novos caminhos ou mesmo oferecer-lhe um lenço para as lágrimas?

Da Prefeitura tem vindo somente o rigor dos decretos e a dura fiscalização. Dos governos, a rigidez da legislação e dos impostos. E as entidades que ganham milhões dos cofres públicos sob o argumento de defender o empreendedorismo, especialmente os pequenos, os micros?

Não há plano nenhum. Nem “A” nem “B”. O Sebrae em Roraima, por exemplo, parece ter se trancado na quarentena e no distanciamento empresarial, sem nenhum plano, sem medidas para injetar algum tipo de ânimo naqueles pequenos, os quais são motivo da existência dessa entidade.

O que existe são paliativos e cursos ministrados às pressas, no final do ano, apenas para justificar uma sobra de recursos não gastos por causa da pandemia. E, neste ano, parece que a entidade está esperando acabar o feridão de Carnaval para dar início ao exercício de 2021, como se habituou no país do samba.

Difícil esperar um “novo normal” no Sebrae entregue ao partidarismo político por décadas, como se fosse um feudo, usado para acomodar aliados políticos com bom salários vindos de transferência de gordos recursos públicos,como se fossem super homens e mulheres maravilhas.

A pandemia vai matar pessoas, decretar falência de muitas empresas e ditar novas regras para a sociedade, mas parece que esta instituição, em Roraima, nunca será afetada por viver em uma bolha bem diferente, que é a bolha dos interesses partidários que decidem tudo por lá.

E tudo isso enquanto os pequenos empresários comem o pão que o diabo está amassando nessa pandemia… E sem qualquer alento ou perspectiva de uma vida melhor quando tudo isso acabar…

*Colunista