Turismo, é hora de ouvir os sinais emitidos pela pandemia
Jessé Souza*
Este conturbado momento em que vivemos por causa da pandemia está servindo para mostrar que o turismo é uma das principais alternativas para gerar emprego e renda em um Estado que vive da economia do contracheque governamental.
Submetida a pesadas restrições por causa do distanciamento social, as pessoas perceberam a importância do turismo local, já que ficou difícil viajar para fora do Estado tanto de avião quanto de ônibus. Então, as alternativas direcionam para a busca de atrativos locais, especialmente aqueles lugares já estabelecidos como atrativos.
Esta é a importância do governo e prefeituras estarem atentos a este movimento interno das pessoas em busca do contato com a natureza, a fim de criar novas oportunidades e investir nos pontos turísticos que já funcionam muitas vezes sem qualquer apoio governamental.
A literal invasão da Serra do Tepequém, no dia 7 de Setembro, foi o grande sinal para que instituições e governos direcionem seus investimentos para o turismo como gerador de renda e fomentador de emprego.
Em Roraima, os seguidos governos ignoraram solenemente o turismo e poucos deram atenção para o único ponto turístico realmente consolidado a Serra do Tepequém, no Município do Amajari, onde a comunidade e a iniciativa privada carecem do mínimo de apoio para manter seus negócios a duras penas.
Depois de seis anos, finalmente o Governo do Estado sentiu-se pressionado a tomar a decisão de recuperar o asfalto da estrada de acesso à Serra do Tepequém, a RR-203, que se transformou em um grande obstáculos para os turistas e moradores, que pagam caro até hoje com o alto custo de vida na região.
Por sua vez, o asfaltamento da estrada vai solucionar um dos principais entraves. Mas existem outros, como o precário sistema de fornecimento de energia, a completa ausência de empresas de telefonia, a falta de um posto de combustível, a indefinição da regularização fundiária e outros.
Quando a pandemia amenizar, o estresse a que a população foi submetida pelas rigorosas restrições vai empurrar as pessoas em busca de atrativos turísticos que estiverem mais acessíveis. É aí onde entra importância dos governos e políticos estarem atentos para o turismo receptivo.
Não se trata apenas de Tepequem. Há uma rota turística que acompanha o trajeto da BR-174, do Amazonas até a fronteira com a Venezuela. A Serra Grande, por exemplo, no Município do Cantá, bem próximo da Capital, também sofre com o descaso governamental com o turismo.
Os empreendedores que lá estão estabelecidos pagam um preço alto por esse abandono, sem políticas públicas e sem qualquer apoio até da Prefeitura da sua localidade. Apesar da Serra Grande ser um dos principais atrativos, o paraíso para o turismo de aventura, parece que entidades e governos desconhecem essa realidade.
São apenas alguns exemplos, mas essa insensibilidade por parte dos governos e entidades atinge empreendedores do turismo em todas as regiões do Estado, especialmente quando se trata de garantir o mínimo, como a manutenção das estradas.
A pandemia está chamando todos à responsabilidade, e o turismo é a bola da vez. É importante o agronegócio, bandeira levantada pela atual administração do Governo de Roraima, mas essa atividade não gera emprego e renda para os que mais precisam. E o turismo é uma dessas alternativas. Tepequém é o exemplo bem concreto.
É hora de arregaçar as mangas, sair do discurso e partir para a prática. O momento é agora. Os indicativos estão aí. Gerar emprego e renda de forma imediata é com o turismo, setor que será mais exigido no período pós-pandemia. Só não percebe quem não quer.
*Colunista