Jessé Souza

JESSE SOUZA 11570

Fronteiras abertas para mais crise, ou apenas outro ‘mimimi’?!

Se estamos vivenciando o momento mais crítico da pandemia de coronavírus, em todo o país, o Estado de Roraima tem um problema adicional a se preocupar: a chegada incessante de mais venezuelanos por uma fronteira frágil, onde as autoridades federais não fazem qualquer esforço visando impedir tráfegos em rotas clandestinas.

Já que não há interesse, visivelmente demonstrado pelo líder da nação que classifica tudo como “mimimi”, então que órgãos e entidades que lidam com o abrigamento dos imigrantes possam fazer um rigoroso trabalho de triagem sanitária ao receber diariamente quase 100 novos estrangeiros que chegam no Município de Pacaraima, na fronteira com a Venezuela, ao Norte do Estado.

As autoridades sanitárias da vizinha cidade venezuelana fronteiriça estão alertando sobre o colapso total da saúde, com falta de insumos básicos para enfrentar a Covid-19, o que faz com que mais estrangeiros se apressem em atravessar a fronteira de alguma forma, encontrando caminhos abertos, a não ser em algumas ações isoladas, a exemplo da abordagem feita pela Polícia Militar, na Operação Horus, enquanto as forças federais se esquivam.

A falta de uma ação organizada para monitorar a fronteira, visando coibir a entrada de qualquer estrangeiro em virtude da pandemia, cria outro problema, que é o surgimento de um mercado clandestino para facilitar a travessia da fronteira por rotas clandestinas e o transporte igualmente clandestino até Boa Vista.

Há sérias denúncias de que militares venezuelanos estariam atuando nas “trasmuambeiras” (como são chamadas essas rotas ilegais) não para impedir a passagem de venezuelanos, mas para cobrar propinas para que eles possam seguir a trilha clandestina até Pacaraima.

Chegando aqui, esses novos imigrantes ilegais encontram uma cidade já entregue ao descaso, mas logo estarão sendo recepcionados pela Operação Acolhida,  sem qualquer restrição, que os envia de ônibus para Boa Vista. E não se sabe se estes recém-chegados passam por alguma triagem imediatamente ou se esse problema sanitário é transferido para os abrigos na Capital, o que pode gerar uma preocupação maior para o momento da pandemia.

As pessoas estão fugindo de seus país não só por causa  da crise, mas também preocupadas com o colapso total da saúde nas cidades venezuelanas, como está ocorrendo neste momento na vizinha Santa Elena de Uairén. Por lá é disseminada a informação de que, no Brasil, eles terão acolhida, com transporte, abrigo, alimentação e atendimento de saúde.

O fato é que, como não há uma barreira sanitária lá, ainda que seja uma chegada por rotas clandestinas, significa que Boa Vista está recebendo um contingente de pessoas que podem complicar ainda mais o quadro da pandemia em Boa Vista, justamente aquelas que seguem a pé, pela BR-174, ou que pegam transportes clandestinos para chegar até a Capital em busca de abrigos.

Esse acolhimento é o mínimo de dignidade que estas pessoas podem receber, apoiado por acordos internacionais assinados pelo Brasil, mas existe uma portaria ministerial que proíbe temporariamente a entrada de estrangeiros de qualquer nacionalidade, com validade desde 08 de fevereiro deste ano.

É por isso que o êxodo em massa precisa de uma atenção especial das autoridades federais para que estejam não apenas focadas na intenção de impedi-los adentrar o país por rotas clandestinas, mas de haver uma rigorosa barreira sanitária visando a entrada irregular em massa para evitar que a pandemia chegue a um nível insuportável em Roraima.

A população roraimense já sofre com as duras consequências da imigração desordenada, e não pode ser castigada por mais essa omissão do governo brasileiro. O rígido toque de recolher neste domingo, na Capital, só castigou a população boa-vistense, que sequer pôde comprar o café da manhã porque as padarias foram fechadas, já que a maioria delas funciona dentro de supermercados.

Porém, quem mora  nos bairros onde existem abrigos viu venezuelanos transitando normalmente, ingerindo bebidas alcóolicas na calçada de centros comerciais fechados, a exemplo do bairro 13 de Setembro, ou simplesmente perambulando pela cidade, a maioria sem máscara. Isso apenas revela a faceta de  um problema maior que está sendo encaminhado a partir da fronteira desprotegida.

Os vídeos que circulam diariamente pelas redes sociais mostram a intensa chegada de venezuelanos em Pacaraima diariamente. Mas não se vê nenhuma autoridade federal preocupada com os reflexos que este problema pode ocasionar, especialmente no agravamento da crise que chegou ao auge por causa do coronavírus.

Ou esse preocupação também não passa de outro mimimi?!

*Colunista