A terra plana que espere; vacinação em massa já!
Jessé Souza*
Enquanto temos um país que corre atrás do prejuízo, tentando recuperar o tempo perdido pelo Governo Federal em virtude da demora em adquirir vacinas, resta um povo que está sendo massacrado em duas pontas: acossado pela pandemia ou encurralado pelo desemprego; ou pelos dois.
A Universidade de Washington fez um estudo que aponta que o Brasil deve atingir 562 mil mortes por Covid-19 até julho, com uma marca de 4 mil mortes por dia até 24 de abril, caso não seja feita uma grande ação para impedir essa mortandade. Uma das sugestões é distribuir ao menos 100 mil máscaras imediatamente.
Mas estamos no Brasil, onde temos um presidente que não apenas incentiva aglomerações como também esnoba o uso de máscara, diante de um povo que acha que pode se comportar da mesma maneira. Só que os trouxas não entendem que o presidente tem a seu dispor, na hora que precisar, a melhor equipe médica do país para socorrê-lo.
O povo terá que enfrentar fila no posto de saúde, de onde provavelmente nem será atendido, quando terá que buscar socorro em um hospital estadual sucateado, superlotado e que provavelmente pouco poderá fazer para salvar a vida dos pacientes que chegam para ser entubados.
Enquanto seguem as desorientações de um presidente que chama a pandemia de “mimimi”, as duras consequências ficam para a população. Em Roraima, por exemplo, existem empresas que estão demitindo as pessoas que estão no grupo de risco, não apenas como forma de aliviar a folha de pagamento, mas para se livrar de qualquer futuro problema com essas pessoas.
Um grande supermercado, nos últimos meses, demitiu ao menos sete pessoas do grupo de risco. E todas essas sete acabaram morrendo vítima de coronavírus. E tudo isso na calada dos acontecimentos, porque essas pessoas não têm a quem recorrer, já que a pandemia avança e as perspectivas mais positivas indicam que o Brasil só consiga imunizar a população em 2024, caso a situação siga da forma que está.
E ainda existem pessoas que conseguem encontrar argumentos para defender o colapso da vacina, jogando a culpa no Supremo Tribunal Federal, nos prefeitos, nos governadores, no PT e nos comunistas, fechando os olhos para um governo que de tudo fez para impedir a compra da vacina e que apostou na “imunidade de rebanho”, ou seja, com um maior número de pessoas se contaminando para se tornar imune à doença.
Uma aposta errada, cujo maior exemplo dessa estratégia foi a população de Manaus (AM), onde os políticos chegaram a festejar, no ano passado, como se o perigo houvesse passado com a imunidade de rebanho. A população confiou nos políticos e sentiu não apenas a tragédia da falta de oxigênio, como presenciou o surgimento de uma nova cepa, mais letal, que atinge inclusive crianças e jovens.
Só os trouxas para defender e encobrir os erros desse governo com relação à vacina. Não há outra saída, a não ser a rápida imunização em massa, com a mobilização de toda estratégia de logística, inclusive com uso da experiência de guerra do Exército. Chega de fake news, basta de idolatria.
Vacina já. Imediatamente. Depois se discute a terra plana.
*Colunista.