Cenas dos próximos capítulos ou algo pior que está por vir
Jessé Souza*
Mais um fim de semana em que fatos políticos vieram novamente da crônica policial. Por coincidência, envolvendo o mesmo personagem. Desta vez, aparecendo em um vídeo que mostra o flagrante desacato a um policial, que ficou por isso mesmo, pois, afinal, trata-se de uma autoridade eleita pelo… povo…
Na semana que se passou, as forças policiais fizeram uma operação em vários bairros da Capital, onde não havia distinção de quem iria ser encostado na parede e revistado como se fosse uma operação contra criminosos em potencial, até mesmo quem estava jogando futebol na quadra da praça.
Certa está a polícia, que não sabe quem é bandido ou não, ainda que seja uma partida de futebol de salão. Sabe-se lá se haverá um criminoso correndo e dando dribles com uma arma na cueca, uma vez que já está comprovado que uma cueca pode abrigar até R$30 mil escondidos.
O mesmo tratamento não é dispensado a autoridades, ainda que desacatando e ironizando a guarnição policial. E ainda que na semana anterior havia sido preso por posse ilegal de arma. Afinal, trata-se de uma autoridade, eleita por quem mesmo!? Isso, pelo povo.
Dois pesos e duas medidas. Não se pode cair no esquecimento que essas autoridades políticas são colocadas lá, no bem-bom, por esse mesmo povo que é encostado na parede não apenas pela polícia, mas também pelas circunstâncias da vida devido às decisões tomadas na política.
O pai de família é encostado na parede toda vez que vai ao supermercado e vê o preço dos alimentos subir diariamente. Ou quando é mandado ficar em casa enquanto há políticos fazendo festinhas com aglomeração de 400 pessoas, talvez para comemorar sua esperteza enquanto o povo está sendo encostado com a cara na parede.
Já que estamos em um momento em que o Supremo Tribunal Federal (STF) está sendo chamado a decidir sobre tudo, num país sem governabilidade, então que a Justiça seja mais célere para tomar decisões, as mais breves possíveis, em relação a políticos que desafiam o conjunto de nossa sociedade.
Quem sabe isso possa devolver um pouco de ânimo aos cidadãos que não se conformam com o que está ocorrendo. Porque tudo tem parecido um escárnio em que o povo é punido duas vezes, pelos seus próprios atos de eleger quem não deveria e por ser o principal massacrado pelas decisões governamentais.
Do jeito que a situação caminha, estamos alimentando um poder paralelo que, se não contido, não terá mais limite para agir. Está comprovado o elo entre o poder vindo do submundo e o poder político. Há um monstro em gestação.
*Colunista