Jessé Souza

JESSE SOUZA 11916

Esquema das emendas e as máscaras que caem no país antivacina

Jessé Souza*

O governo bolsonarista, eleito hasteando a bandeira da “nova política”, pregando o fim dos esquemas e dos acordos enraizados da velha política, vai se desmanchando na medida em que se aproxima o ano eleitoral. Foi assim também com o governo lulista, que fez acordos com os antigos coronéis, traindo o povo mais pobre que via nele a oportunidade de um governo diferente.

Em Roraima ocorre o mesmo com o governo Antonio Denarium (sem partido), eleito surfando na onda bolsonarista, que agora se agarra com todas as forças aos políticos da velha política, retalhando sua administração aos políticos de antigamente pensando unicamente no seu plano de se manter no poder.

Até um dos líderes do grupo de oposição de Denarium, o ex-senador Romero Jucá (MDB), que pregava na campanha que precisava se reeleger para combater Bolsonaro (sem partido), agora diz que seu partido apoia o governo Bolsonaro, inclusive ele participou da audiência com o presidente. Trata-se do mesmo presidente Jair Bolsonaro que chegou a falar durante sua campanha eleitoral que Jucá jamais teria alguma chance em seu governo, já que o então senador era (e continua sendo) o símbolo da velha política com seus vários processos no Supremo Tribunal Federal (STF).

No país da antivacina contra o coronavírus, como as máscaras estão caindo, a velha política continua dominando todos os cenários. O jornal paulista “Estadão” acaba de descobrir que Bolsonaro aderiu de vez à velha política, criando o esquema de um orçamento paralelo de R$3 bilhões em emenda parlamentar visando cooptar mais aliados para sua base de apoio no Congresso. É o tradicional toma-lá-dá-cá severamente criticado por Bolsonaro quando candidato.

Conforme publicou o Estadão, o esquema da farra das emendas parlamentares se concretiza à moda antiga da politicalha, cujos valores são destinados principalmente para compra tratores e equipamentos agrícolas a preços 259% superfaturados. É um escândalo que nem mais surpreende o brasileiro, porque esse esquema sempre funcionou desta forma.

Para não fugir à regra, o Estado de Roraima é citado neste novo escândalo do esquema das emendas. O deputado federal Ottaci Nascimento (SD), aquele que queria ser prefeito de Boa Vista, destinou emendas no valor de R$4 milhões para a cidade goiana de Padre Bernando, que fica bem longe de Roraima.

Essa emenda foi assinada junto com o deputado amazonense Bosco Saraiva (SD-AM). Ou seja, um deputado de Roraima e outro do Amazonas destinando emendas para Goiás, enquanto seus estados sofrem com falta de investimentos. E mais: a compra dos equipamentos tem cotação no valor de R$2,8 milhões, quase metade do valor destinado pela emenda!

É no mínimo ultrajante não só para os eleitores de Roraima. E tudo com a participação e chancela de um governo que foi colocado no poder pregando a moralidade e o combate radical à corrupção. E não será surpresa se todos os políticos da velha política estiverem no mesmo palanque, em 2022, junto com quem se elegeu pregando a “nova política”.

O Brasil, definitivamente, não é para amadores…

*Colunista