Grave problema de esgoto que nunca é solucionado no Rio Branco
Jessé Souza*
Como aquele setor do Centro de Boa Vista, onde foi construído o Parque do Rio Branco, tornou-se uma área nobre, talvez agora as autoridades sejam obrigadas a tomar providências para solucionar o criminoso despejo de esgoto não tratado direto nas águas do Rio Branco, naquele local. O problema é antigo, desquando quando ali era chamado de “Beiral”, onde só moravam famílias pobres em uma favela e a área era dominada por traficantes. O igarapé Caxangá, que deságua no rio exatamente ao lado do Mirante, foi assassinado ao longo dos anos devido a criminoso lançamento de esgoto em seu leito. Faz décadas que moradores fazem denúncias, mas o problema nunca é resolvido. Não só ali, mas também em esgotos clandestinos despejados por empresas e residências localizadas ao longo da imensa vala em que se tornou o Igarapé Caxangá, o qual recebeu canalização somente nos trechos finais, antes de desaguar no Rio Branco. De tempos e tempos, há problemas históricos em outros locais, a exemplo do esgoto ser lançado direto no Igarapé Mirandinha e num corrégo logo acima, no bairro Caçari, área nobre de Boa Vista, local abaixo do sistema de capitação de água pela Companhia de Água de Esgotos e Roraima (Caer). Não poderia ser diferente. A Caer é uma estatal que sempre é “rifada” a cada governo para acomodar aliados políticos. E não foi diferente nesse atual. E como se trata de um acordo político partidário, não se pode esperar muita eficiência, uma vez que esses entedimentos só valem até quando o governo da vez durar ou trocar de aliados para garantir apoio partidário. Os políticos sempre fizeram isso com a saúde pública, e por que não fazer numa estatal que cuida da água e do esgoto? Quando as negociatas políticas comandam, o povo sabe no que dá. Basta ver o que ocorreu historicamente com a saúde. Na Caer, parece que ninguém liga, apesar de aquela empresa ser responsável por fornecer um produto essencial, que é a água potável. Em outra ponta, por anos vem faltando água na Capital e interior. A falta de rede de esgoto é outro problema que se arrasta por anos. O lançamento de esgoto no Rio Branco é tão somente mais um desses problemas históricos que as autoridades nunca conseguem resolver, apesar de o Rio Branco ser o principal fornencedor de água potável para a população não só da Capital, como de outros municípios. Para piorar, o Rio Branco já vem sendo alvo de severas agressões provocadas por garimpagem ilegal em seus afluntes dentro da Terra Indígena Yanomami, seja pela degradação provocada por máquinas em seus leitos e destruição da mata ciliar, seja pelo lançamento de mercúrio em suas águas. A poluição pelo lançamento de esgoto doméstico não tratado só agrava o grave problema que já é alarmante. É por isso que as autoridades precisam agir rápido para solucionar mais esse problema do lançamento de esgoto no Rio Branco. Esse manancial de água potável não resistirá por muito tempo se o esgoto e o garimp continuarem agredindo o meio ambiente tão vorazmente. O alerta vem de longas datas, mas parece não sensibilizar nossas autoridades. *Colunista