Jessé Souza

JESSE SOUZA 12032

As duras consequências do inverno rigoroso que precisam servir de reflexão

Jessé Souza*

O inverno rigoroso em todo Estado no mesmo momento em que o Amazonas enfrenta um inverno prolongado, com uma cheia histórica, é o momento ideal para que os gestores municipais e estaduais façam seus levantamentos visando solucionar os graves problemas nas estradas e vicinais, problemas estes que se repetem anualmente, sem que haja solução para os problemas de infraestrutura.

Em todas as regiões de Roraima há áreas isoladas ou com problemas das águas de rios e igarapés que cobrem pontes e estradas. E também vicinais que se tornaram imenso atoleiros, as quais não passam sequer por uma manutenção em período de estiagem. Agricultores ficam sem poder escoar seus produtos e moradores não podem se deslocar para resolver seus problemas nas áreas urbanas.

Quando o inverno roraimense emenda com o inverno amazonense sempre ocorre os alagamentos históricos lá e aqui. E esse é o momento certo também para se pensar na Hidrelétrica do Bem-Querer, pois a construção de uma barragem em Caracaraí pode provocar alagamentos impensáveis e nunca vistos em Boa Vista e nos demais municípios cortados pelo Rio Branco.

Em Boa Vista, quando o inverno amazonense se prolonga, como está ocorrendo neste momento, pode começar a ocorrer alagamento períodicos da Orla Taumanan, a qual já se provou ter sido mal planejada, e o sumiço de todas as praias urbanas, as quais são o principal ponto de lazer dos roraimenses. Isso sem contar com prováveis alagamentos de novos trechos da BR-174 entre Caracaraí e Boa Vista.

E não será exagero afirmar que, caso a hidrelétrica se concretizar, alagar também a parte baixa do Parque do Rio Branco, especialmente porque a obra foi feita às pressas para que fosse inaugurado imediatamente para servir de propaganda para a então prefeita Teresa Surita.

Embora o inverno esteja sendo forte em Roraima, ainda está longe de ser o mais rigoroso, com cheia histórica, como ocorreu em 2011. Se a situação piorar, já dará para sentir as tragédias que podem ocorrer com algamentos. Também dará para imaginar no que o inverno será capaz de provocar, fururamente, caso haja a construção de uma barragem em Caracaraí, por menor que ela seja.

Então, estamos em um cenário ideal para que gestores tomem suas providências e os defensores de hidrelétricas pensem no problema que poderá ser criado, caso não haja a realização de estudos criteriosos para prever nos graves problemas que possam ser gerados daqui para frente.

Em outra ponta, os gestores municipais também precisam se mexer, pois em algumas localidades os prefeitos receberam equipamentos e tratores sucateados das mãos de seus antecessores, a exemplo do Município Amajari, onde populações de vilas e assentamentos estão isalados, com estradas intrafegáveis, a exemplo da Vila Trairão.

Inadimissível que prefeitos, sem fiscalização de vereadores, deixem máquinas virarem sucata, impedindo que possam ser usadas em momentos críticos como esse, ao menos para oferecer um alento aos moradores e produtores. Os prefeitos também precisam fazer gestão para que obras de manutenção de estradas sejam periódicas e por todo o ano.

Em algumas localidades, a população está precisando se mobilizar para recuperar atoleiros jogando pedras e piçarras, o que significa o nível de situação que deveria servir de reflexão sobre o valor de seu voto. É como se, no fim do inverno, as pessoas fossem submetidas a uma amnésia completa.

O quadro está aí para ser analisado, diante de uma política em que as pessoas entraram em um binarismo patético, de esquerda e direita, o qual está servindo apenas para encobrir os problemas e anestesiar as pessoas em discussões inócuas e sem fim. Que este inverno sirva ao menos para despertar algumas mentes anestesiadas, pelo menos daquelas que estão enfrentando os duros transtornos das cheias onde o poder público não chega.

*Colunista