Jessé Souza

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A política de agradar os descontentes chega à sala de aula das crianças

Jessé Souza*

O combate e a prevenção ao coronavírus nunca passaram de um placebo, especialmente em Boa Vista. A administração municipal anterior quebrou todos os protocolos, quando ainda se vivia um momento crítico do vírus, ao incentivar a população a festejar inaugurações de reforma de praças públicas com aglomerações, com especial destaque para o Mirante do Parque do Rio Branco, autodeclarado um feito político.

Tudo girou em torno de uma política de agradar o eleitorado, em vez de necessariamente proteger a vida das pessoas. A campanha eleitoral foi o sinal verde para o “liberou geral” em todo o Estado, o que provocou na população uma repulsa a qualquer protoloco de prevenção e a perder o medo do vírus. O resultado disso pôde-se ver nos hospitais superlotados.

O retorno das aulas municipais, ainda que de forma híbrida, nada mais é do que parte dessa estratégia de agradar políticamente pais que acham que escola é uma creche e que querem se livrar da obrigação de dividir a educação formal dos seus filhos em casa. Ainda é muito temoroso expor as crianças em um momento em que a campanha de vacinação ainda não proporciona segurança, ainda que a imunização esteja caminhando.

Até o momento, apenas 57,57% da população está imunizada, isso em termos gerais, pois somente 18,85% da população vacinável já tomou as duas doses. São dados do dia 07 passado da Secretaria Estadual de Saúde (Sesau), com base na população de 430.654 pessoas aptas a serem imunizadas contra a Covid-19 no Estado de Roraima.

Apesar das medidas anunciadas pela Prefeitura, de que as aulas presenciais serão escalonadas para reduzir o número de alunos em sala de aula, com distribuição de máscara e álcool em gel espalhados pela escola, não garante nada, pois não há nenhuma garantia de que as crianças irão usar máscaras corretamente, uma vez que será apenas um professor e no máximo um auxiliar para cuidar das crianças.

A liberação presencial de aulas deveria estar rigosamente relacionada a uma margem segura da população vacinada. Uma coisa são os pais passarem uma tarde na praça ou em um shopping com seus filhos. Outra é uma sala de aula cheia de crianças dividindo os mesmos espaços com pouco número de profissionais para garantir que todas estejam em segurança contra o vírus dentro de sala e na hora do recreio.

Já sabemos que esses dois últimos anos serão de prejuízos incalculáveis para a educação de crianças e adolescente, em todo o país, por isso não deveria haver toda essa pressa para que pais se livrem da obrigação de seus filhos em casa neste momento. Seria necessário ao menos que a Capital chegasse a um número seguro de pessoas imunizadas com as duas doses. E ainda assim isso não será uma garantia de segurança 100%.

Como a Prefeitura joga com a popularidade, agradando segmentos descontentes vislumbrando votos, então resta aos pais dessas crianças que irão retornar às aulas presenciais que fiquem atentos, pois o coronavírus continua uma grande ameaça, especialmente com as variantes que estão surgindo, acometendo agora crianças, adolescentes e jovens.

Sabe-se que a fiscalização a aglomerações é feita sem muitos critérios, a exemplo de fechar um bar de periferia onde supostamente está somente pessoas de baixa renda, enquanto uma convência logo à frente, onde está a classe média ou pessoas com alguma influência, passa incólume às aglomerações.

O que ocorrer daqui para frente, com a liberação das aulas para crianças, passa a ser uma responsabilidade das autoridades municipais. Os pais, especialmente aqueles que prezam pela saúde de seus filhos, precisam redobrar a atenção com essa política municipal de querer agradar descontentes em vez de estar protegendo a coletividade, ainda que sejam medidas impopulares.

*Colunista