Ainda há muito o que ser retirado de dentro do armário político
Jessé Souza*
Ainda falta muito para que a Assembleia Legislativa do Estado de Roraima reconstrua sua imagem a fim de devolver a confiança que o povo quer ter naquele poder. A votação que manteve a prisão do deputado Jalser Renier (SD) está longe de ser a expurgação de seus demônios, como alguns estão querendo transparecer, com peito inflado como arautos da Justiça.
Até o deputado federal Antonio Nicolleti (PSL) decidiu participar do grande enredo, protocolando na ALE um pedido de cassação do mandato de Jalser sob a alegação de “quebra de decoro parlamentar e grave prejuízo à imagem do Poder Legislativo”, uma vez que o parlamentar foi preso sob acusação de sequestro e tortura do jornalista Romano dos Anjos.
Jalser já está respondendo pelas acusações e agora está nas mãos do Judiciário decidir sobre o caso. Mas a Assembleia Legislativa não se tornou o lugar sagrado da política, onde os arautos agora terão a missão de apreciar se cassam ou não o mandato do deputado.
Longe disso, aquela Casa legislativa ainda tem muito a se explicar para o povo, uma vez que essa atual legislatura foi cercada de acontecimentos sobre os quais os parlamentares escondem dentro do armário, a exemplo do caso de dois deputados que foram presos antes mesmo de tomar posse.
Há o caso do deputado Renan Bekel Filho (PRB), que inclusive chegou a ser cassado três vezes e foi multado pelo Tribunal Regional Eleitoral (TRE) sob a acusação de tentar prolongar o julgamento de cassação de seu mandato. Ele foi acusado de compra de votos no pleito de 2018.
Antes de tomar posse, Renan foi preso pela Polícia Federal como consequência da operação que investiga um desvio milionário de recursos do sistema prisional para compra de alimentos para os detentos. Foi preso junto com o filho da então governadora Suely Campos, na época apontado supostamente como chefe do esquema.
Existe ainda o caso da deputada Ione Pedroso (SD), que logo depois mudou a grafia do nome para Yone. Ela foi presa em dezembro de 2018 durante operação da Polícia Federa contra desvios milionários do transporte escolar. Mesmo presa, tomou posse em prisão domiciliar com tornozeleira e tudo.
Há outros casos de deputados que podem ser cassados por corrupção, cujos processos tramitam em berço esplêndio. Mas estes dois casos acima são suficientes para lembrar que não está tudo bem, como alguns querem fazer supor. As caveiras estão mantidas dentro do armário e precisam ser trazidas à sala de estar.
Mas quem terá interesse de retirar todas as caveiras do armário?
*Colunista