Jessé Souza

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Um luto para o Turismo enquanto segue o cortejo fúnebre do apoio ao garimpo Jessé Souza*

Os empresários pioneiros no turismo na região da Serra Grande, no Município do Cantá, decididram jogar a toalha e venderam o Hotel Fazenda Castanhal depois de passar anos cobrando que os gestores públicos ao menos dessem condições de trafegabilidade nas estradas, já que se tornou impensável uma política que adote o turismo como uma das prioridades para gerar emprego e renda.

Os empresários vinham pedindo que o governo fizesse o básico: a melhoria das estradas. E é exatamente isso que pedem aqueles que apostam no turismo. Já que os goverantes não querem investir no setor para preservar empresas e empregos duramente afetados pela pandemia, então que ao menos não atrapalhem. E foi assim que a Fazenda Castanhal sucumbiu, depois de ser afetada pela pandemia e abandonada pelo poder público.

Antes das restrições impostas pela Covid-19, que obrigou a empresa a fechar as portas e fazer demissões, a situação já era de muitas dificuldades devido às precárias condições das estradas, as quais ficam intrafegáveis durante o período de chuvas. Depois que cessa o inverno, a buraqueira continua um grande obstáculo para os turistas, muitas vezes intransponível somado a pontes quebradas.

Nem Prefeitura do Cantá muito menos o Governo do Estado estiveram preocupados em socorrer um empreendimento que gerava dezenas de emprego para os moradores de uma região onde o poder público não chega nem a iniciativa privada tem coragem para investir exatamente pela falta de infraestrutura básica.

Então, turismo naquela região para esses gestores resumiu-se a grupos de aventureiros de fim de semana e amigos que se reúnem para subir a Serra Grande em busca de desafios e contato com a natureza a fim de conhecer as cachoeiras que se formam durante o período chuvoso naquela localidade.  Sequer a Prefeitura do Cantá fez qualquer esforço para fomentar o turismo naquela região, a ponto de historicamente promover eventos e reuniões em hotel e espaços alugados em Boa Vista, em vez de levar seus grupos para o hotel fazenda da região, que tinha estrutura que não decepcionava nenhum turista em busca de lazer e descanso dentro de uma paisagem que proporcionava várias opções.

O mesmo desleixe e vista grossa dos gestores têm ocorrido na Serra do Tepequém, no Município do Amajari, apesar de ser uma grande vitrine pelo grande número de visitantes roraimenses e turistas de outros estados que vão conhecer as incríveis cachoeiras que lá existem, em meio a um clima serrano que cativa e encanta os amazônidas acostumados a um calor infernal até mesmo em meio à floresta.

Dez anos depois, a estrada (a RR-203) está recebendo a primeira obra de restauração. Porém, o asfalto novo começou a estourar dois meses depois, obrigando a empresa a fazer o remendo no estilo operação tapa-buraco em um asfalto que se derreteu em tempo surpreendente. Mas os problemas não param por aí. 

As chuvas que vêm caindo na região, ao longo dessa semana, alagaram completamente os trechos da rodovia antes e depois da ponte sobre o Rio Amajari, que transbordou devido à cheia. Significa que, se não for realizada uma obra para elevar o nível do leito da estrada, teremos um asfalto que irá ser destruído a qualquer chuva mais forte, além de deixar a população isolada e impedindo o fluxo turístico na região, como está ocorrendo neste momento.

E assim seguem os grandes desafios dos que tentam investir no turismo em um Estado que ignora esse setor, cujo Departamento de Turismo fica cada vez mais apequenado dentro da estrutura governamental, como se fosse algo irrelevante e desnecessário.  Então, o erro já começa por aí e segue em uma política mixuruca, sem programas, projetos e ações porque nem estrutura o governo tem para incentivar o turismo.

O fechamento da Fazenda Castanhal representa um luto para aqueles que acreditam e apostam no turismo. Além disso, é o atestado da incompetência e do desleixo de nossos governantes com um setor que deveria ser tratado com respeito em um Estado que pertence à Região Amazônica e que possui os mais belos atrativos naturais e uma rica biodiversidade.

Mas, como está sendo visto neste momento no Congresso Nacional e em Roraima, os políticos e os governantes já optaram pelo garimpo predatório e criminoso, em vez de apostarem no turismo ao menos como alternativa para geração de emprego e renda, bem como uma atividade que ajuda a proteger o meio ambiente.

Segue o cortejo… *Colunista