A tecnologia em favor da transparência e no combate a possíveis excessos policiais
Jessé Souza*
O caso do vereador e pré-candidato a deputado federal, Kleber Siqueira (SD), preso na noite de domingo sob acusação de desacatar e ameaçar policiais militares, chama a atenção para outro fato importante: a necessidade de instalação de câmeras nos uniformes dos policiais militares durante o policiamento ostensivo.
O parlamentar se defendeu alegando suposta ação truculenta dos policiais durante a ocorrência em que o carro dirigido pela esposa do vereador ultrapassou o sinal vermelho. Caso houvesse uma lei que obrigasse o uso de câmeras nos uniformes dos policiais, haveria todas as condições de checar se realmente houve algum tipo de abuso de autoridade ou ação truculência durante a abordagem.
Não só isso. Existem estatísticas que apontam que mortes cometidas por policiais militares despencaram em 19 dos 131 batalhões do Estado de São Paulo um ano depois que as ações dos policiais passaram a ser filmadas. Houve uma queda de 80% na letalidade policial nessas unidades após a implantação do programa Olho Vivo, que funciona a partir da instalação de câmeras nos uniformes da PM.
Conforme as estatísticas em SP, divulgadas pelo portal UOL, as lesões corporais durante intervenção da polícia também caíram, o que significa que as câmeras no uniforme policial serviram também para intimidar quaisquer ações truculentas durante as abordagens rotineiras dos policiais.
Neste caso, o uso da tecnologia não só intimida qualquer tipo de excesso policial, favorecendo o cidadão em abordagens a qualquer hora do dia e da noite, como também é um importante instrumento para servir de prova a favor dos policiais, muitos deles acusados por pessoas alvos das ações policiais.
Não há qualquer empecilho para ser contra uma proposta como essa, pois a tecnologia nas ações policiais funciona como um instrumento de transparência para a ação do policial na garantia de uma segurança pública de qualidade, protegendo a integridade do cidadão e resguardando os policiais de qualquer tipo de acusação, a exemplo do que ocorreu no caso do vereador.
Em vez de ficar defendendo garimpo ilegal, como tem ocorrido nesses últimos meses, inclusive servido de palanque eleitoral antecipado, os parlamentares poderiam agir a fim de adotar a tecnologia em favor da melhoria da segurança pública, se antecipando a futuros problemas. Afinal, o que não falta na Assembleia Legislativa são policiais deputados que deveriam estar preocupados com a melhoria do bem-estar coletivo.
*Colunista