A porteira escancarada da velha política em sua máxima expressão
Jessé Souza*
No dia 08 de abril deste ano, esta coluna publicou o artigo intitulado “Sejam todos bem-vindos à velha política da qual nunca saímos”, o qual tratou do liberou geral na troca partidária no Congresso: foram 130 parlamentares que mudaram de partido visando, na maioria dos casos, o interesse pessoal visando buscar a reeleição ou, para quem não tem mandato, viabilizar sua candidatura para a eleição.
O troca-troca partidário deixou bem claro que quem sempre mandou na política brasileira é o toma-lá-dá-cá, o explícito fisiologismo que mais uma vez fortaleceu o Centrão, um bloco composto por partidos que não defendem uma agenda específica de interesse coletivo ou de minorias. Trata-se de um típico bloco da velhacaria política que está sempre com o governo, desde que este governo atenda aos seus pedidos.
Mas, bem antes disso, a velha política já havia mandado recado de que estava bem viva no governo Bolsonaro (PL), que se elegeu mentindo que implantaria uma suposta “nova política”, a partir da implantação do esquema do orçamento secreto, que basicamente são as negociações para liberação de verbas, cargos e outras benesses em um comportamento fisiológico que escancara as portas para a corrupção.
Não custa lembrar, outra vez, que durante a campanha eleitoral Bolsonaro e seus filhos viviam dizendo que não aceitaria esse tipo de negociação com o toma-lá-dá-cá nem se juntaria ao fisiologista Centrão. Tudo lorota. Depois da retomada do antigo fisiologismo, agora está em curso o maior pacote de assistencialismo, típico de governo populista, visando a compra de votos dos mais pobres.
Visando exclusivamente a reeleição, a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 1/2002, chamada de PEC das Bondades Eleitorais, abre a porteira para uma série de benefícios sociais: Auxílio Brasil de R$600,00, vale gás de R$120,00, Vale Caminhoneiro de R$ 1 mil e outros. Todos os benefícios terão validade somente até dezembro, logo após as eleições, portanto, bondades provisórias que visam somente a campanha eleitoral.
Será a última tacada para tentar reverter os números negativos na corrida presencial, cujas medidas provocarão um impacto financeiro de R$ 41,25 bilhões para os cofres públicos, valor este acima do teto de gastos, ou seja, limite estabelecido para uso de verbas federais. É o vale-tudo na máxima expressão da velha política, em uma manobra por meio de uma PEC que libera pagamentos em ano eleitoral.
Alguém ainda tem alguma dúvida sobre a velha política e o engodo de uma nova política?!
*Colunista