Pedidos de socorro diante de recursos milionários para os prefeitos
*Jessé Souza
Graças ao inverno rigoroso deste ano, com fortes chuvas caindo em todo o Estado, os últimos preparativos para o início da campanha eleitoral propriamente dita estão ocorrendo diante de pequenos produtores rurais pedindo socorro por causa das vicinais intrafegáveis nos municípios do interior do Estado. Fatos semelhantes têm sido recorrentes nas áreas onde o escoamento da produção agrícola depende exclusivamente de vicinais no meio da floresta densa.
Em algumas localidades, a exemplo do Município de Iracema, cenas deprimentes foram protagonizadas neste fim de semana, com produtores gravando vídeos no meio de atoleiros pedindo ajuda das autoridades, mediante caminhões carregados de produtos agrícolas atolados, solitários na lama, sem ter como seguir viagem e sem ter a quem recorrer no momento de puro desespero.
O mais inquietante, conforme esta coluna já comentou em artigo do dia 25 passado, é saber que, sob alegação de calamidade pública, o Governo do Estado repassou R$70 milhões em recursos extras para 12 municípios atingidos pelo inverno rigoroso. Porém, os produtores continuam em apuros, enquanto as prefeituras compram cestas básicas e realizam festas públicas.
Mais revoltante ainda é saber que um contrato de R$105 milhões foi publicado pelo governo, no Diário Oficial do Estado do dia 20 de junho, destinado a pagar obras e serviços em todos os municípios, sem especificar de que forma esse recurso milionário será aplicado, enquanto os pequenos produtores imploram por recuperação de vicinais, estradas e de pontes, largados ao descaso de anos sem manutenção.
Enquanto isso, vereadores não fiscalizam e prefeitos não dão qualquer satisfação, diante do governo que afirma que está tudo bem, obrigado. Inclusive, existem vereadores confirmando suas candidaturas para deputado, o que significa que eles estão preocupados mais com seus projetos políticos do que com a situação da população, submetida às mais duras consequências dos descasos de seguidos governos e de mais um inverno rigoroso que desnuda esse abandono institucional e político.
O momento de cobrar os responsáveis por este quadro lamentável que se observa por todo o Estado é agora, quando os políticos baterão a sua porta para pedir voto. Não há o que se falar em falta de recursos, uma vez que as torneiras para os prefeitos foram abertas às vésperas da campanha eleitoral. Foram R$70 milhões em recurso para socorrer a população e mais R$105 milhões para obras e serviços nos municípios. É muita grana que doutor besta não conta.
*Colunista