Estamos pagando caro por tudo aquilo que os políticos deixaram de fazer
Jessé Souza*
As fortes chuvas que vêm caindo no Estado acabam servindo para mostrar como os seguidos governos agem sem planejamento no trato com o bem público, especialmente no que diz respeito às estruturas dos hospitais públicos, cujos tetos não resistem a uma chuva mais forte. A questão da única maternidade pública é o retrato mais fiel disso, uma vez que, apesar do prédio muito antigo, somente agora houve a decisão por uma reforma de verdade.
No final da década de 1990, quando houve o escândalo da morte dos bebês no Hospital Materno Infantil Nossa Senhora de Nazareth, por infecção hospitalar no berçário, já era para ter ocorrido uma reforma e ampliação do prédio. Mas os políticos da época não somente fizeram vistas grossas como tentaram desacreditar os fatos que eram flagrantes. E tudo ficou por aquilo mesmo, com os problemas sendo empurrados com a barriga até os dias de hoje. O atual governo, também sem planejar nada, transferiu a maternidade para um local improvisado, debaixo de tendas, onde o teto desaba a qualquer chuva.
Além do vergonhoso improviso, a obra de reforma do prédio do HMINS seguiu a passos lentos, como se não houvesse pressa alguma para um local importante na saúde pública, pois a maternidade é referência para todo o Estado e países vizinhos. E a consequência dessa morosidade foi o cenário de terror vivido por mulheres grávidas e recém-nascidos no temporal da noite de sábado. Cena semelhante já havia ocorrido antes duas outras vezes, mas não o suficiente para que providências enérgicas tivessem sido tomadas.
Sabendo que fatalmente seria cobrado por todos, o governador Antonio Denarium (PP) optou por não comparecer ao debate eleitoral organizado pelo Grupo Folha e a TV Cultura com os candidatos ao governo, na manhã deste domingo. E por isso mesmo foi alvo de duras cobranças, enquanto sua assessoria alegava em nota oficial que ele estaria dando continuidade às visitas aos 50 pontos atingidos pelo temporal na noite anterior. Uma fuga que também não foi perdoada por internautas mais críticos.
O fato é que isso não pode mais continuar da forma que está. Não só na questão da maternidade, mas dos demais hospitais, a exemplo do HGR, onde o teto já desabou em cima de pacientes, provocando inclusive mortes. Da mesma forma em outros setores importantes, os quais os seguidos governos largaram as estradas, as escolas, os prédios públicos etc. E hoje estamos pagando o preço pela imobilidade dos políticos e do descaso dos governantes.
Para complicar o cenário, o atual governo deixou para dar início a obras no último ano de governo, às vésperas das eleições, sem uma planejamento estratégico e achando que teria tudo a seu favor, não contando que teríamos um inverno mais forte e prolongado. Dentro desse contexto de terra arrasada, ainda temos a pior internet do país, sacrificando principalmente a economia do Estado, uma vez que comércios, bancos e setores públicos dependem da tecnologia para suas atividades. É uma soma de tanta coisa ruim que chama os políticos à responsabilidade. Não dá mais para aceitar que tudo continue da forma que está. Chegamos ao limite
*Colunista .