Não há mais espaço para desculpas: a reconstrução almejada é para ontem
Jessé Souza*
Com as eleições em Roraima liquidadas já no primeiro turno, isso impõe uma responsabilidade muito maior para a administração do Governo do Estado, que terá mais quatro anos de governo pela frente. É preciso começar a trabalhar o desenvolvimento que tanto se deseja para ontem. Não dá mais para ficar experimentando os mesmos desmandos do passado sob repetidas justificativas, sempre jogando a culpa nos gestores anteriores.
Agora, os erros do passado são os seus próprios erros, especialmente nos municípios do interior, onde estradas, escolas, segurança e saúde precisam ser tratadas como prioridade, algo que foi negligenciado nos últimos três anos, sob a justificativa da pandemia e dos desmandos da gestão passada. É com esta grande responsabilidade que o eleitor precisa cobrar, uma vez que agora não há mais desculpa a apresentar. Recurso tem, mas…
Os pequenos produtores, assim como os microempreendedores, também estão esperando muito mais do governo, e não querem ficar apenas com as sobras do banquete oficial que caem da mesa do agronegócio, setor que não gera o emprego necessário para todos que precisam nem coloca comida de forma direta na mesa de quem mora na cidade.
Enfim, os roraimenses precisam, de fato, de um governo que inspire confiança, que possa mostrar resultados imediatos para resolver antigos problemas na saúde, a exemplo de teto do hospital desabando e a histórica longa fila da vergonha pela espera de cirurgias eletivas, que só prolonga o sofrimento das pessoas.
Na educação, nos últimos dois governos, os gestores sequer conseguiram solucionar os graves problemas do transporte escolar e da reforma do prédio das escolas na Capital e interior. Para se ter uma ideia do retumbante descaso, não precisa ir longe: a tradicional Escola Mário David Andreazza, no bairro Caimbé, na zona Oeste, não conseguiu retomar as aulas presenciais e fechou as portas porque o prédio começou a desabar. Até hoje os alunos estão em aulas remotas!
Isso apenas para dar uma pincelada nas principais causas da decepção com o atual governo por parte daqueles que não votaram nele. Porque o Estado precisa ser reconstruído e não há mais espaço para ficar com desculpas, uma vez que imigração desordenada não parou, o número de brasileiros na pobreza tem aumentado, mas não se viu uma política austera para enfrentar a realidade de tal envergadura.
A máquina administrativa voltou a mostrar força ao reeleger o governador, escrita que foi quebrada com a antecessora de Antonio Denarium (PP), a então governadora Suely Campos, que fez um governo sofrível e sucumbiu a uma intervenção federal nas mãos do seu sucessor, que por isso assumiu o governo um mês antes de tomar posse. Mas Denarium preferiu sentar em cima do cofre estadual por três anos, acumulando R$1,7 bilhão nas contas do governo, como ele mesmo anunciou, o que fez uma grande diferença por não ter conseguido resolver problemas urgentes nos principais setores.
Denarium achava que poderia fazer tudo isso no último ano de governo, a fim de causar uma sensação de reconstrução e criar a imagem de um grande canteiro de obras que iria brilhar aos olhos do eleitor. Falhou de forma retumbante, sem conseguir colar a si uma imagem do grande reconstrutor de Roraima, ao começar a propagar que fez em três anos o que não foi feito pelos demais em 30 anos. Mesmo assim, a maioria do povo quis dar-lhe mais quatro anos, a despeito de tudo o que passou.
Agora, com um novo mandato, resta a missão de cobrar o que foi prometido em 2018 e não cumprido até aqui. Exigir um governo que fuja dos remendos e arremedos quando se trata dos pequenos e desvalidos. Cobrar mais escolas, novas e reformadas. Saúde de qualidade, com fim da maternidade de lona. E uma segurança que consiga fazer frente ao crime organizado, e não uma polícia política.
E, principalmente, menos garimpo e mais geração de emprego, uma vez que o povo deu o recado ao mandar de volta para casa o grande representante do garimpo ilegal, que pedia voto desfilando com seu helicóptero em verde e amarelo, que se tornou símbolo de invasão de terras indígenas. Enfim, é preciso que as autoridades sejam legalistas para que não acabem apoiando o crime organizado, que desafia os poderes constituídos e monta um governo paralelo, realidade que começou a ser vista quando policiais agem em conluio com criminosos.
*Colunista