Jessé Souza

Jesse Souza 15 03 2016 2152

Resumo de um domingo – Jessé Souza*

O domingo, dia 13 de março, ficou marcado, em Roraima, por ter representado o resumo do que o Estado é atualmente. A começar pela manifestação realizada na Praça do Centro Cívico: muitos do que ali estavam, cobrando fim da corrupção, continuam mantendo no poder, por décadas, os mesmos políticos, principalmente aqueles que vão para Brasília dar sustentação aos seguidos governos corruptos.

Também na mesma manifestação estavam os políticos ou projetos de políticos que contribuíram para que o Estado chegasse a esse fosso, em todas as esferas de governo e dos legislativos. Muitos deles capachos dos grupos que se revezam no poder local.

Poucos conseguem entender que pedir o impeachment de Dilma significa colocar o poder nas mãos do PMDB, partido este que sempre deu sustentação a todos os governos e que está envolvido na lama da corrupção que vem sendo exposta pela Operação Lava Jato. É o mesmo PMDB que tem nas mãos o setor energético brasileiro e principalmente o de Roraima.

Neste mesmo fatídico dia 13, Roraima novamente enfrentou apagões no setor energético já no fim da noite. Mais um episódio que comprova o que a política partidária é capaz de fazer com a população, quando administrada por mãos erradas, principalmente em um Estado pequeno como o nosso.

Momento antes desse apagão no sistema energético roraimense, já estava ocorrendo mais uma das dezenas de fuga em massa na Penitenciária Agrícola de Monte Cristo (Pamc). Esse outro “apagão” no sistema penitenciário também tem raízes não apenas na incompetência política, mas na corrupção que arrasa os cofres públicos e não permite que recursos sobrem para investir nos setores essenciais da sociedade.

O sistema penitenciário vem caminhando aos frangalhos e não dá sinais de que esta realidade possa melhorar nem as lideranças políticas mostram-se interessadas em se mobilizarem para começar essa transformação. O Estado não consegue mais ter forças para impedir a sanha dos presos nem conter as facções criminosas que brigam pelo poder dentro daquela unidade prisional.

Então, foi desta forma que o domingo terminou em Roraima: com o sistema prisional mais uma vez desmoralizado, a população do Estado insegura pela fuga desses detentos e ainda submetida a mais uma falta de energia, além da falta de expectativa de que esse quadro político possa melhorar, uma vez que a sociedade tem cobrado o fim da corrupção, mas mantém no poder os mesmos políticos que contribuíram para que o Estado esteja desta forma caótica.

Não custa frisar que a mobilização popular é imprescindível para a manutenção da democracia. Mas é preciso perceber que a corrupção é generalizada e não se resume ao um grupo ou a um partido. E o povo só vai conseguir mudar esse quadro quando assumir sua responsabilidade nessa transformação, deixando de votar em corruptos em sua cidade e em seu Estado.

*Jornalista – Acesse: www.roraimadefato.com/main