Jessé Souza

Jesse Souza 15006

Sem cuidar da estrutura das escolas, governo inaugura a ‘pedagogia do Zap’

Jessé Souza*

A Escola Estadual Mário David Andreazza, no bairro Caimbé, na zona Oeste de Boa Vista, representa o retrato do setor da Educação do Governo de Roraima nesses últimos quatro anos. Aquela unidade de ensino fechou as portas no início da pandemia, no ano 2020, e nunca mais retornou com as aulas presenciais.

Além do abandono governamental, essa escola enfrentou uma dura e triste realidade com o falecimento não só do gestor e alguns professores, mas também de outros servidores, como o porteiro. Apenas um professor faleceu por outro motivo, mas os demais foram vítimas da Covid-19.

Não bastasse isso, o governo simplesmente abandonou aquela escola, sem providenciar manutenção básica no prédio, o que já vinha ocorrendo muito antes da pandemia, a ponto de as salas de aulas correrem o risco de desabar com rachaduras nas paredes. A quadra de esporte está com o teto começando a ruir.

E o que era uma comunidade escolar unida e feliz com suas atividades com adolescentes, inclusive com um festival de música tradicional, o abandono governamental a transformou num exemplo de desânimo e tristeza, onde as provas passaram a ser aplicadas via WhatsApp. Ou seja, devido à situação a que foi submetida, foi necessário adotar a “pedagogia do zap”.

É isso mesmo. Os professores até vão ao prédio da escolar cumprir expediente presencial, mas os alunos ficam em casa porque o prédio está deteriorado, o que obriga a receberem as aulas e as provas de avaliação pelo WhatsApp. São três anos nesta inusitada situação, em um arremedo educacional jamais visto.

Que nível de preparo esperar desses estudantes que fazem prova pelo Whats? Pelo que os alunos e os seus pais comentam, ninguém está preocupado com a situação, porque ficou cômodo para todo mundo, inclusive para o governo que não é cobrado por ninguém, inclusive há escolas em comunidades indígenas que sequer são ministradas aulas pela “pedagogia do zap”, conforme já foi comentado neste espaço.

O ano já está chegando ao fim, o que significa que a Escola David Andreazza irá entrar para o quarto ano sem qualquer perspectiva de que algo possa mudar, pois é impensável que uma reforma ocorra a tempo de reiniciar o ano letivo de 2023 com aulas presenciais.

Enquanto isso, não há pressa, pois, afinal, a atual administração foi aprovada nas urnas e sente-se sem qualquer pressão, os órgãos de controle fingem não estar vendo nada e não existe qualquer insatisfação por parte da comunidade escolar, que aceitou tudo sem questionar.

Não será surpresa se, sem qualquer discussão, decidam fechar definitivamente aquela escola para transformá-la em abrigo para imigrantes; ou fique lá, com o prédio abandonado, servindo para abrigar prostituição e tráfico de droga, realidade que predomina no bairro Caimbé.

*Colunista