Jessé Souza

Jesse Souza 15042

Em país sério, conspiradores vão parar na cadeia ainda que seja apenas sob suspeita

Jessé Souza*

Em qualquer país que se julgue sério, conspiradores antidemocráticos vão parar na cadeia porque a Justiça não titubeia. Foi assim na Alemanha, onde a Justiça mandou 25 pessoas para a prisão sob suspeita de conspirar para derrubar o governo. Sim, sob suspeita! Enquanto isso, no Brasil, golpistas declarados ficam na frente de quartéis do Exército e fazem ataques terroristas em via pública.

Em qualquer parte do mundo onde há conspiradores também surge toda espécie de movimentos extremistas, racistas, nazistas e fascistas. Na Alemanha, além dos extremistas do grupo Reichsbürger (Cidadãos do Reich), que há tempos estava na mira da polícia devido a ataques violentos e teorias de conspiração racistas e antissemitas, há outros malucos que se recusam a reconhecer o Estado alemão moderno.

Por lá existem ainda membros de outro movimento, o QAnon, os quais acreditam piamente que seu país está nas mãos de um mítico “Estado oculto”, cujos poderes secretos controlariam a política. No Brasil, os conspiradores creem cegamente que o comunismo devorador de criancinhas vai se instalar, os quais se mostram não apenas malucos como dispostos a cometer crimes a exemplo do que ocorreu na noite segunda-feira, no Distrito Federal.

Por aqui, o país não pode mais tolerar esses movimentos antidemocráticos que se mostraram violentos, capazes de ameaçar a democracia, como se as autoridades estivessem flertando diretamente com criminosos golpistas. É por isso que a diplomação de Lula da Silva como candidato eleito nas eleições deste ano representou um passo importante para dissipar as nuvens golpistas que se abatem sobre o país.

O golpismo daqui é um misto de extremismo de direita com um bolsonarismo esquizofrênico que é capaz de orar ajoelhado ao redor de um pneu de trator ou de pedir ajuda aos ETs com o celular com a lanterna ligada em cima da cabeça, cenas que servem de piada para o mundo, mas que ao mesmo tempo gera uma preocupação sobre a sanidade e do que essas pessoas são capazes de fazer sob ordens maléficas.

Ainda que Lula possa não ser essa expressão máxima de um bom político e acima de qualquer suspeita,  o bolsonarismo tem mostrado que conseguiu reunir o que há mais de retrógado no Brasil, atraindo malucos, conspiradores, armamentistas, golpistas, falsos religiosos e toda raça de extremistas que em outros tempos só se manifestava dentro do esgoto. Mas agora todos estão à luz do dia, sob sol e chuva.

Daí a necessidade de fortalecer a democracia a partir de um freio nos movimentos golpistas e antidemocráticos alimentados especialmente por mentiras e teorias conspiratórias das mais bizarras. O país precisa sair da obscuridade da qual se alimentam almas sebosas, as quais se aproveitam de mentes doentias, fragilizadas ou incautas.

A diplomação de Lula foi um forte passo para a consolidação da democracia brasileira, a qual está sob constante ataque desde que o bolsonarismo se apossou das cores símbolos de nosso país e entrou na mente daquelas pessoas sujeitas a todos os tipos de manipulação em nome de um patriotismo que está mais para  uma patriotada perigosa.

A  posse em janeiro será o passo definitivo para reafirmar a democracia no país, ainda que diante de uma nação rachada ao meio. Se Lula for considerado um mal, então que ele seja esse mal necessário. Não se trata de derrotados e vitoriosos. Trata-se da manutenção da democracia brasileira. E ponto final ao golpismo.

*Colunista