Jessé Souza

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A situação de obras inacabadas entre a realidade e as propagandas institucionais

Jessé Souza*

Enquanto nas redes sociais o Governo do Estado faz postagens para tentar transparecer que está tudo bem em relação às obras de recuperação de estradas, a vida real mostra outra coisa. Os protestos de pequenos produtores no interior do Estado dão uma noção da realidade, conforme esta Coluna já comentou, onde várias localidades sequer receberam a visita de uma máquina para fazer uma raspagem nos últimos quatro anos.

Inclusive, um dos locais visitados pessoalmente pelo governador Antonio Denarium, na semana passada, a estrada da Vila São Silvestre, no Município de Alto Alegre, é uma dessas obras que vem se arrastando desde que a empresa abandonou o serviço, com previsão de asfaltamento e substituição de pontes de madeira por de concreto.

Situação complicada pode ser vista na estrada da região do Taiano, também em Alto Alegre, cujo trabalho de pavimentação se estende desde o início do primeiro mandato, mostrando que entre o discurso e a prática há uma distância muito grande quando se refere à recuperação de estradas, um dos esteios da propaganda governamental.

No Município do Amajari, a obra de recuperação da RR-203 pode ser comparada há um doloroso parto, pois há todos os indicativos de que a empresa contratada começou a abandonar o serviço, uma vez que o canteiro de obras vem sendo desmobilizado, na Vila Brasil, e há meses que não se vê mais nenhum trabalho naquela importante rodovia.

A RR-203 é a que dá acesso à sede daquele município, a Vila Brasil, e também ao principal ponto turístico de Roraima, a Serra do Tepequém, além de acesso a propriedades de grandes produtores da piscicultura e pecuária. A obra de asfaltamento vem apresentando problemas desde o início, há mais de dois anos, sem que o asfaltamento avance e com a operação tapa-buraco  feita vergonhosamente com barro.

A qualidade do asfalto é tão ruim que o trecho de 1Km na Vila Tepequém teve que ser refeito depois que “estourou” dois meses após o serviço concluído pela empresa, que demorou um ano para refazer a pavimentação. Isso sem contar que, onde tem asfalto novo, os buracos já começaram a surgir ao longo da rodovia. E onde foi feito apenas o serviço de tapa-buraco, as crateras voltam logo em seguida.

Com as obras daquela rodovia paralisadas, a situação só se complica e deve piorar neste inverno que se aproxima, o qual deve ser rigoroso. Isso sem contar com serviços inconclusos de sinalização da pista, além de trechos que nunca receberam o único tipo de serviço, nem com barro para tapar buraco, entre a Vila Três Corações e Vila Brasil, durante os anos de contrato.

Sob responsabilidade do Governo do Estado, parte do trecho norte da BR-174, de Boa Vista até a ponte sobre o Rio Uraricoera, também enfrenta uma situação muito semelhante àquela vivida na RR-203, com serviços inacabados e onde as crateras só aumentam devido ao fluxo intenso de carretas com destino à Venezuela. E olha que esse trecho é uma vitrine, pois por ela transitam turistas rotineiramente em direção a Tepequém e Venezuela.

Mas o problema não se resume apenas a obras de recuperação de estradas e vicinais. Um dos mais retumbante casos é a reforma do Hospital Materno Infantil Nossa Senhora de Nazareth, que perdura por quase um ano e meio, sem qualquer previsão de conclusão, enquanto mães continuam dando à luz em uma maternidade coberta de lona e onde os bebês continuam morrendo quase que diariamente.

E tudo isso passando ao largo dos órgãos fiscalizadores, que até agora não fizeram a mínima questão de se pronunciar a respeito ao menos dos casos mais flagrantes, a exemplo dos que foram relatados neste artigo. Se ninguém se pronuncia sobre a situação da maternidade, que está à vista de todos, então não é de se estranhar o silêncio sobre obras de estradas nos mais distantes municípios do interior.

*Colunista