Após duas décadas, novos viadutos serão um passo importante para a mobilidade urbana
Jessé Souza*
Quando o então governador Ottomar Pinto inaugurou o Viaduto Pery Cardoso Lago, no dia 16 de dezembro de 2000, no fim de seu segundo mandato, encerravam-se ali anos de severas críticas de opositores que alegavam que estava sendo erguida ali, no cruzamento das avenidas Glaycon de Paiva e Venezuela (trecho urbano da BR-174), uma obra desnecessária para um Estado com uma população pequena.
Duas décadas se passaram, e o tempo se encarregou de provar a grande importância do viaduto para o ordenamento do trânsito e à segurança da vida dos condutores, uma vez que, desde décadas atrás, mesmo com pouco tráfego naquela época, muito acidentes graves com vítima fatais ocorreram naquele cruzamento, inclusive com vítimas sobreviventes sofrendo sequelas até hoje.
Com certeza, muitas vidas foram poupadas, prejuízos e sofrimentos evitados, bem como transtornos no trânsito superados com décadas de antecedência. No entanto, 23 anos se passaram e nada mais de substancial intervenção na engenharia do trânsito foi realizada na Capital, especialmente ao longo das avenidas Venezuela e Guiana, as quais recebem um grande fluxo de veículos não apenas de passeio da cidade, mas de transporte de cargas vindos de outros estados e países.
As duas avenidas fazem cruzamento com as principais vias arteriais que recebem todo tráfego de quem transita dos populosos bairros da zona Oeste em direção ao Centro, e vice-versa, além do fluxo de veículos que vêm (ou vão) de Manaus (AM), Venezuela e Guyana, bem como aqueles que estão em trânsito para todos os 14 municípios do interior de Roraima. É um trecho de grandíssima importância para a mobilidade urbana.
Sem contar que nestas avenidas ainda estão localizadas as principais lojas de autopeças e oficinas mecânicas, hospitais, rodoviária, hotéis, postos de combustíveis, Distrito Industrial e ponto de recepção de venezuelanos que chegam diariamente ao Brasil. Jamais aquele setor da cidade deveria ter sido negligenciado quando se fala de ordenamento do trânsito. Mas foi, historicamente e infelizmente.
Os fatos indicam que, finalmente, uma autoridade decidiu agir. O prefeito de Boa Vista, Arthur Henrique, durante entrevista à Rádio Folha, neste domingo, anunciou a construção de dois viadutos, um deles na Avenida Venezuela, no chamado “sinal do Ibama”, e outro na Avenida Centenário, no entroncamento também com o trecho urbano da BR-174.
O prefeito ainda anunciou que estão sendo realizados projetos para construir outro viaduto, desta vez no cruzamento das avenidas Venezuela e Guyana, ponto chamado de “bola do Trevo”, e outra ponte sobre o Rio Cauamé no segmento da Avenida Minas Gerais, na zona Leste da Capital, que interligará aquele setor da cidade à zona rural de Boa Vista.
Enquanto o viaduto é importante para ordenar o conturbado tráfego daquelas importantes avenidas, somando-se ao já existente Viaduto Pery Lago e ao que será erguido no sinal do Ibama, a construção da nova ponte é imprescindível para também acabar com a balbúrdia no trânsito que se forma na saída da cidade pelo trecho norte da BR-174, sobre a estreita ponte sobre o Rio Cauamé.
O tráfego naquele setor complicou a partir da expansão urbana da Capital, com o surgimento de bairros como Said Salomão e Pedra Pintada, além da franca urbanização da região do Bom Interno, que em breve se tornará outro importante centro urbano. E por lá ainda tem o fluxo do trânsito para o complexo penitenciário de Monte Cristo, usinas termoelétricas, Venezuela e Serra do Tepequém. Daí a importância desta nova ponte para garantir a mobilidade para aquela região, dando mais uma opção de locomoção para moradores e trabalhadores daquela nova área da cidade em expansão.
Então, o que a população espera é que o prefeito de Boa Vista concretize as obras de construção dos dois viadutos, além dos projetos para captação de recursos para erguer outro viaduto e a nova ponte do Cauamé. Com certeza, serão obras que vão dar o passo definitivo para melhorar não apenas a mobilidade urbana, mas também garantir mais bem-estar e segurança à população, que até hoje sofre com o conturbado trânsito roraimense. A História se encarregará de mostrar este grande feito.
*Colunista