Jessé Souza

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Dançando forró e Parixara enquanto 62 escolas indígenas estão sem aula

Jessé Souza*

Enquanto o governador Antonio Denarium faz de tudo para se parecer simpático à causa indígena, inclusive fazendo questão de gravar vídeos dançando forró nas comunidades e a tradicional dança do Parixara, a realidade dos fatos mostra um desprezo governamental com esses povos originários. Desde o início de sua primeira administração, a educação indígena despencou ladeira abaixo, o que é um grave indicativo.

Na verdade, a situação da educação indígena se tornou um escândalo sem precedentes. São 62 escolas indígenas sem aula em várias regiões, nos municípios de Pacaraima, Uiramutã, Bonfim, Amajari e Caroebe. Significa que vídeos divulgados com boas intenções e declarações enaltecendo a cultura indígena não amenizam a grave realidade do completo caos na educação oferecida a estas comunidades.

Para se ter uma noção do grave problema, o déficit de professores é apenas uma das causas. Faltam pelo menos 350  professores das disciplinas de Matemática, Português, História, Geografia, Física, Química e Língua Materna Indígena. Fora a falta de pedagogos e outros profissionais para fazer uma escola funcionar a contento.

E ainda tem a realidade das precárias condições da estrutura física das escolas, muitas delas construídas há cerca de 30 anos, ainda nos governos do falecido Ottomar Pinto e do aniquilado politicamente Neudo Campos, cujo assunto de escolas precisando de reforma e ampliação já foi tema de artigos anteriores nos últimos dois anos.

Abandonar a educação indígena é negar o desenvolvimento a essas comunidades, pois o Governo do Estado pune os indígenas com a falta de acesso a informações e transmissão de conhecimentos, bem como deixando de valorizar suas identidades étnicas, suas línguas e ciências. E isso não provoca nenhuma indignação por parte das autoridades, especialmente dos órgãos de controle.

Como saída para este vergonhoso caos e do apagão educacional, já surgiu um deputado federal apresentando proposta para que as escolas indígenas sejam federalizadas, querendo que o Estado e municípios lavem suas mãos definitivamente. Esquecem os parlamentares que, em tempo de campanha eleitoral, eles e os demais políticos correm logo para as comunidades indígenas em busca dos votos.

Faz-se urgente a necessidade de que alguém tome sérias providências a respeito da vergonhosa e escandalosa situação da educação indígena. O governo não pode enganar a opinião pública com vídeos de dancinhas nas comunidades, nas redes sociais,  enquanto as autoridades negam a mais básica estrutura para que as escolas funcionem nas comunidades indígenas, como a falta de professores.

*Colunista

** Os textos publicados nesta coluna não refletem, necessariamente, a opinião da FolhaBV