Encaminhado para sansão presidencial, o projeto de lei aprovado no Senado na semana passada, dia 18, proíbe uso de celular em escolas não somente durante a aula, mas também em recreios e intervalos, visando proteger a saúde mental e psíquica dos alunos de todas as etapas da educação básica, que inclui ensinos infantil, fundamental e médio.
Especialistas no assunto concordam que o uso de desregrado de celular é prejudicial para crianças e adolescentes, a ponto de o celular já ter sido banido da rotina de estudantes no ambiente educacional em países como Suíça, Portugal, Espanha e Austrália. Não apenas isso: a Austrália vai mais longe e planeja proibir o acesso de adolescentes de 16 anos às redes sociais.
No entanto, o grande perigo nem está necessariamente nas escolas, onde professores e gestores há um certo tempo batem cabeça com alunos para regrar o uso dos aparelhos na escola. Uma lei regulando o uso de celulares só irá fortalecer essa batalha ingrata travada pelos educadores. Mas o buraco é mais embaixo, assim como os demais problemas.
Quem trabalha com público, inclusive no Turismo, tem percebido que pais e mães, impacientes, irresponsáveis ou incapazes de lidar com crianças pequenas, que ainda nem engatinham, passaram a colocar nas frágeis mãos de seus bebês um celular como se fosse a nova chupeta para acalentar os filhos que choram em público ou mesmo em casa.
Logo, apesar da lei, é possível que seja uma daquelas batalhas que começam perdidas já em casa, onde pais e mães não sabem mais educar seus filhos desde o berço. E vão empurrar mais esse grande abacaxi para a escola, que não terá outra saída senão adotar uma educação digital na qual os pais nem se importarão de ir para as reuniões a fim de discutir o problema.
Em Roraima, o Ministério Público, para mostrar trabalho, até recomendou que a Secretaria Estadual de Educação e Desporto (Seed) determina restrição do uso de celular em sala de aula nas escolas estaduais. No entanto, gestores batem cabeça desde que a tecnologia foi popularizada, inclusive eles descobriram que adolescentes estão usando o benefício do pé-de-meia para joguinhos na internet, sem que os pais saibam disso, porque não acompanham a vida escolar dos filhos, muito menos o que eles fazem com o dinheiro que recebem.
Talvez a lei federal preste a ser sancionada possa contribuir para maior controle nas escolas em Roraima, uma vez que, se o governo estadual quisesse, já estaria aplicando o que diz o Regimento Geral para as Instituições Públicas da Rede Estadual de Ensino, que proíbe o aluno de usar celular, aparelhos eletroeletrônicos e fone de ouvidos, exceto quando autorizados pelo professor para fins pedagógicos.
Porém, o campo de batalha contra mais esse problema que chega às escolas deveria (e deve) ser em casa, com os pais e mães fazendo sua parte. Mas a realidade mostra que o celular está sendo usado como nova mamadeira digital, viciando e provocando sérios transtornos às crianças desde a primeira infância. O desafio é grande.
*Colunista