Olá amigos leitores!
RECEITA DO DIA
Hô’eXanenaXupu (caldo de peixe com mandioca)
Pela chef Kalymaracaya Nogueira (MS)
INGREDIENTES:
01 kg de posta de pintado (peixe de rio, de couro)
Suco de 1 limão (rosa ou cravo)
01 kg de mandioca (ouro ou manteiga) cortada sem o pavio (10 cm)
400 ml de água
30 ml de óleo de bocaiúva (pode substituir por óleo de soja ou milho)
Sal a gosto
Urucum (colorau) a gosto
04 dentes de alho pilados
01 cebola cortada em cubinhos
04 tomates sem pele e sem semente em cubinhos
½ maço de cheiro-verde picado
MODO DE PREPARO:
Tempere o peixe com o suco de limão, sal e deixe marinar durante 30 minutos. Reserve.
Em uma panela aqueça o óleo, adicione a cebola e frite até murchar, em seguida coloque o alho e frite até liberar o aroma. Neste momento é hora de colocar o tomate, cozinhe até desmanchar, adicione o peixe, a mandioca, preenchendo toda a panela. Ponha a água, o urucum, o cheiro-verde, corrija o sal, deixe a panela semi tampada e aguarde o cozimento, por 10 minutos, ou até a mandioca e o peixe ficarem macios.
A FORÇA DAS MULHERES INDÍGENAS
NA GASTRONOMIA DO BRASIL
Na próxima semana, no dia 19 de abril, celebramos o Dia dos Povos Indígenas, data escolhida em 1940 quando ocorreu o primeiro Congresso Indigenista Interamericano, realizado na cidade de Patzcaro, no México, com representantes de quase todos os países da América, apenas o Paraguai e o Haiti não enviaram delegação.
Nesta data devemos nos conscientizar da importância dos povos originários na construção do nosso país, na gastronomia brasileira e respeitar todos direitos dos povos indígenas.
Segundo o IBGE, existem atualmente 305 etnias no Brasil, onde são faladas 274 línguas indígenas.
Em Roraima são aproximadamente 55 mil indígenas de nove etnias: Ingarikó, Macuxi, Patamona, Sapará, Taurepang, WaiWai, Wapichana, Yanomami e Ye’kwana.
Segundo o quadro geral dos povos indígenas no Brasil do Instituto Socioambiental (ISA) os Macuxi e os Yanomami estão em maioria no estado de Roraima.
Devemos conhecer a cultura dos povos para poder respeitar seus costumes, sua arte, seus ingredientes e as mulheres que estão protagonizando e mostrando a culinária indígena no Brasil.
Há 12 anos venho levando e mostrando nos eventos a força dos ingredientes e os sabores dessa herança alimentar, afinal eles nos mostraram que é possível preservar a floresta, a natureza, as águas e as pessoas, levando sua cultura e seus ingredientes para a mesa. O lema que temos que ter em mente é “Amazônia em casa, Floresta em pé”.
Temos muitos pratos que são apreciados diariamente fora das comunidades indígenas, como a mujica ou mujeca, a poqueca, o beiju, a farinha, a tapioca, os tucupis, o pé de moleque entre outros, todos pratos da culinária originária.
Algumas técnicas e utensílios já fazem parte do cotidiano de algumas cidades, como assar na brasa (como um moquém), utilizar as panelas de barro, peixes enrolados na folha de bananeira, os molhos de pimenta, e muito mais.
Mas hoje falo sobre o protagonismo das nossas cozinheiras indígenas que me ensinam sempre algo sobre sua cultura alimentar, como a artesã Lidia Raposo, que além de ser a guardiã da tradição da confecção das panelas de barro do povo Macuxi, me ensinou a fazer a autêntica Damorida, prato emblemático do estado, que recebeu título de patrimônio imaterial de Boa Vista.
Dona Terezinha, da etnia Wapixana, que mostrou como é rica a nossa mandioca e o que podemos fazer a partir dessa raiz, como o beiju, a farinha de mandioca, a farinha de tapioca, a goma e o tucupi negro, todos produtos agroecológicos do Sítio Nova Esperança, com a marca Dan & Tete-produtos da terra.
E também aprendo sempre com outras grandes mulheres indígenas, como a senhora Josefa Andrade, a Dona Brazi, da etnia Baré, que conheço há muitos anos e que me mostrou a cozinha tradicional do Alto Rio Negro, na cidade de São Gabriel da Cachoeira (AM). As suas receitas foram eternizadas no livro Dona Brazi: Cozinha tradicional amazônica.
Clarinda Ramos, indígena do Povo Sataré-Mawé, pedagoga, mestra em antropologia, chef de cozinha e co-fundadora do BIATUWI – Casa de Comidas Indígenas Apimentadas. Considerado o primeiro restaurante indígena do Brasil, situado na área antiga de Manaus. Ela apresenta a autêntica cozinha indígena e serve pratos como Quinhapira, Mujeca, Poqueca e as bebidas como sapó, caxiri, aluá.
A primeira barista indígena, Celesty Suruí, do Povo Paiter Suruí do município de Cacoal em Rondônia. A família é uma das produtoras do café Robusta Amazônico na Terra Indígena Sete de Setembro da Aldeia Lapetanha, que ganhou prêmio na Semana Inter
nacional do Café.
A jovem Kalymaracaya Nogueira, cozinheira, nascida na aldeia Bananal Distrito de Taunay de Aquidauana, Mato Grosso do Sul. É formada em turismo pela faculdade FUNLEC–IESF e no Curso Profissionalizante em Cozinha da Escola Ezequiel Ferreira Lima – CEPEF, em Campo Grande. Ela divulga a gastronomia ancestral brasileira, trabalha com ingredientes cultivados em sua aldeia e preserva na receita a sua essência e tem mostrado muito da sua cultura no Brasil e no exterior.
Essas são algumas mulheres indígenas que estão mostrando a riqueza da sua cultura ancestral, que deve ser preservada.