Liderança: a arte da humildade
A liderança é um tema que tem rendido muitos bestsellers, mas sua prática é um tanto quanto desafiadora e coloca a prova, todas as horas, a capacidade do ser humano, ser humano.
Nos mais de dois mil anos jamais conseguimos substituir a figura de Jesus Cristo como o maior líder de todos os tempos. Muitas pessoas se questionam o motivo que o leva a eternizá-lo como a grande referência na literatura de liderança e modelos de gestão. Nessa semana nosso artigo tratará deste tema e desmistificará a imagem de um líder, quebrando vários paradigmas.
Quando olhamos para os modelos de gestão de nossas empresas, nos vem logo a cabeça uma pergunta: quem está por trás desse momento de sucesso ou fracasso da organização? É fácil idealizarmos a figura de um líder ou de um chefe, mas é muito difícil antecipar seu perfil. O líder tem por obrigação saber delegar competências, mesmo consciente de que se trata de uma tarefa difícil de ser estabelecida entre membros de uma organização e sua chefia. O profissional que deseja ser um líder tem que trazer consigo um modelo de gestão participativo e totalmente democrático, mesmo que, às vezes, tenha que administrar egos por conta da liberdade dada, e que em alguns casos, alguns colaboradores não estão preparados para tê-la.
O líder nato trás no seu comportamento uma herança de etiqueta, educação familiar e de bons modos, já que delegar com sabedoria evita atritos nas relações dentro e fora da organização.
O líder deve exercer a liderança sabendo que liderar é saber delegar e não centralizar em si tudo o que acontece no dia a dia de uma organização. Delegar significa colocar o poder de decisão o mais próximo possível da ação, portanto é preciso ter condições técnicas e emocionais para assumir essa responsabilidade e correr os riscos que a função irá lhe proporcionar. O líder consegue cooperação da organização e das pessoas que dirige, sempre se preocupando em respeitar a figura humana, procurando entender as pessoas, mantendo e transmitindo equilíbrio sem esquecer de motivar a equipe à trabalhar e cooperar com os objetivos comuns. O líder deve ter o perfeito equilíbrio entre suas habilidades e competências, utilizando-as na dosagem certa e não deixando sua qualificação enquadrá-lo como um arrogante intelectual, perdendo completamente os rumos da situação, já que deixa a humildade de lado para sentir-se acima do bem e do mal. É importante esclarecer que o termo chefe dentro das organizações está deixando de figurar de forma positiva e passou a ser tratado como algo pejorativo e usado para denominar profissionais que exercem o comando pela força, enquanto o líder moderno lidera pelo diálogo e pelo compartilhamento de responsabilidades e resultados. Quem de nós nunca ouviu a frase? “Dê dinheiro e poder a uma pessoa que você saberá realmente quem ela é” Essa frase se aplica perfeitamente aos conceitos de liderança, pois os líderes não se deixam abalar por status ou mesmo regalias que fazem com que seu foco seja perdido dando lugar ao egocentrismo e a mudanças repentinas de comportamento e atitudes.
No mundo existem pessoas que se preparam para liderar e outros para serem lideradas. Claro que isso vem desde os tempos mais remotos dos homens primitivos. Desde o nosso nascimento, estamos acostumados a obedecer aos pais e aos professores até o término dos estudos. Essa história de vida ratifica a informação de que são poucas as pessoas que estão preparadas para a autonomia real e, quando necessitam tomar uma decisão importante, sentem-se perdidas ou desajustadas por estarem acostumadas a serem dirigidas. Nas organizações o setor de gestão de pessoas vem realizando verdadeiras “garimpagem aos talentos” cujo perfil, oriente para o comando de equipes, pois o grande desafio é comandar grandes grupos de pessoas em torno de objetivos pré-estabelecidos e que farão parte do planejamento estratégico das organizações.
Nos dias atuais precisamos estar atentos ao conceito de liderança como uma qualidade pessoal (combinação especial de habilidades pessoais que fazem de um indivíduo um líder) e de liderança como função (decorrente da distribuição da autoridade de tomar decisões dentro de uma empresa): “O grau em que um indivíduo demonstra qualidade de liderança depende não somente de suas próprias características, mas também dos modelos mentais, do ambiente organizacional e dos cenários no qual se encontra”. O comportamento de liderança (que envolve funções como planejar, analisar, informar, avaliar, arbitrar, controlar, recompensar, estimular, punir, modificar, inovar etc.) deve ajudar o grupo a atingir os seus objetivos, ou, em outras palavras, a satisfazer suas necessidades. Assim, o indivíduo que possa dar maior assistência e orientação ao grupo para que atinja um estado de satisfação e equilíbrio, tem maiores possibilidades de ser considerado seu líder. A liderança é, pois, uma questão de redução de incerteza do grupo. O comportamento pelo qual se consegue essa redução é a escolha, é a definição e aceitação do líder. A liderança é um processo contínuo de escolha que permite à empresa caminhar em direção aos seus objetivos, apesar de todos os ruídos internos e externos.
Dentro de uma concepção ampla, a relação entre líder e liderados repousa em três pilares:
a) A vida, para cada indivíduo, pode ser vista como uma contínua luta para satisfazer necessidades, desejos, aliviar e manter equilíbrio.
b) A maior parte das necessidades individuais, em nossa cultura, é satisfeita pôr meio de relações com outros indivíduos ou com grupos de indivíduos.
c) Para qualquer indivíduo, o processo de usar as relações com outros indivíduos é um processo ativo – e não passivo – de satisfazer necessidades. Em outras palavras o indivíduo não espera passivamente que a relação capaz de lhe proporcionar satisfação ocorra naturalmente, mas ele próprio procura os relacionamentos adequados e para tanto utiliza os relacionamentos que já existem com o propósito de satisfazer suas necessidades pessoais.
“Liderança é a influência interpessoal exercida numa situação e dirigida por meio do processo da comunicação humana para fortalecimento de um ou de diversos objetivos específicos”.
No que se refere aos conceitos e princípios da aprendizagem organizacional, observa-se o destaque exagerado para com a figura do gestor (super-homem) como o grande responsável pela aprendizagem na organização em comparação aos trabalhadores (sub homens). As organizações devem (re)pensar essa postura paternalista e buscar distribuir as responsabilidades pelo desenvolvimento das pessoas (equil
íbrio). Afinal, não existe ninguém mais interessado em garantir o desenvolvimento humano do que a própria pessoa.
Por: Weber Negreiros