Mais um crime no Centro de Boa Vista e o retrato da insegurança que predomina no Estado
Jessé Souza*
Os bandidos sabem que o local mais vulnerável em questão de segurança pública é o Centro de Boa Vista, onde a malandragem se esparrama como erva daninha especialmente no Centro Comercial Caxambú. O crime de pistolagem ocorrido na manhã desta quinta-feira, em uma ótica naquela área da cidade, é só mais um exemplo da audácia dos bandidos para agirem à luz do dia.
Embora esse assassinato apresente todas as características de pistolagem, de um crime encomendado, o fato serve de exemplo de que os bandidos não temem agir na área central da Capital por ser visivelmente desprotegida, com a polícia passando por lá somente a passeio, gastando gasolina dentro de viaturas com ar-condicionado.
Pela terceira vez, somente este ano, esta Coluna trata dessa grave insegurança que reina em um dos setores mais importantes de Boa Vista, pois este centro comercial mais antigo de Roraima fica a poucos quilômetros do centro do poder do Estado instalado na Praça do Centro Cívico. Não há lugar mais fácil para malandros quanto ali, inclusive onde já ocorreu uma execução à luz dia no Caxambú.
Quem anda por este centro comercial surgido na Avenida Jaime Brasil e seu entorno jamais irá ver policiais militares fazendo ronda a pé ou quaisquer ações efetivas visando coibir a marginalidade de forma preventiva. Enquanto isso, é fácil logo perceber venezuelanos abordando pessoas para vender aparelhos celulares sem documento, além de outros objetos de origem duvidosa.
Neste ano, houve um caso de furto a uma mulher, em frente a uma loja do Caxambú, em que os larápios agiram na maior tranquilidade e cumplicidade, como se todos ali já estivessem habituados a este cenário. A polícia passou por lá, e só, logo devolvendo a tranquilidade para os espertalhões, os quais gostam de abordar principalmente idosos e indígenas que vão para a Capital fazer compras a cada fim do mês.
A poucos metros do centro comercial, o tráfico de drogas predomina nas cercanias do Parque Rio Branco, onde usuários trafegam como zumbis, completando um cenário de insegurança, desafiando a polícia que não consegue coibir a venda de drogas, desta vez sem a desculpa de que os traficantes se escondiam nos labirintos da favela que existia no extinto Beiral.
A insegurança no Centro de Boa Vista é apenas uma face do contexto, mostrando que as autoridades não conseguem estabelecer uma ação uniforme sequer na Capital, agindo na base da pressão social e no improviso. Na quinta-feira, por exemplo, enquanto o crime de execução ocorria no Centro, as forças policiais agiam bem longe dali, na zona Oeste, em uma operação que passou pelos bairros João de Barro e Cidade Satélite, com uma espetacularização fortemente armada no Residencial Vila Jardim.
E a assim a Segurança Pública vai sendo levada no Estado, sem uma sincronização entre as polícias divididas pela politicalha, que elege policiais civis e militares como deputados, mas não consegue transferir esse poder político para ações concretas de segurança para a população. Enquanto isso, o que há de organizado mesmo é o crime – até os malandros do Caxambú são organizados.
*Colunista