CASA DA CULTURA “MADRE LEOTÁVIA ZOLLER” – Na Avenida Jaime Brasil, à espera do “milagre” da reforma no prédio –
Em 1938 o senhor Milton de Negreiro Miranda, comerciante na Avenida Jaime Brasil – dono de uma Loja de peças finas de ouro e prata destinadas a presentes, construiu sua residência na esquina da Avenida Jaime Brasil com a Rua Sebastião Diniz. Não poupou dinheiro no projeto, na decoração, e no jardim. Mandou até instalar uma fonte d`água para realçar a beleza de toda a arquitetura. A casa ficou pronta em 1940, e se tornou a mais bonita de Boa Vista.
Resulta que em 1946, o recém-chegado governador Felix Valois de Araujo não queria mais morar numa das salas da Prelazia (na Rua Bento Brasil), tanto pelo desconforto e porque não tinha como hospedar os visitantes ilustres da época que vinham ao Território. E, comprou a casa do Milton Miranda. O dormitório ficava no andar de cima, o atendimento ao público no andar térreo, e os discursos políticos aconteciam na sacada do prédio.
Naquela época os principais eventos eram realizados na Avenida Jaime Brasil: desfiles estudantis e militares da Guarda Territorial e da 9ª Companhia de Guarda do Exército, o Carnaval (com as batalhas de confetes) e os comícios políticos. Tudo isto acontecia na Avenida Jaime Brasil, diante da Casa do Governador.
Em Boa Vista, o desfile mais esperado era o do dia “13 de Setembro”, quando se comemorava a data de criação do Território Federal do Rio Branco (13/09/1943).
A Casa do Governador ficava toda enfeitada e com a Bandeira do Brasil hasteada no alto do prédio. Aquela Casa era o espaço social e político mais importante da época e foi a “Residência Oficial” para 17 governadores:
1º – Coronel Félix Valois de Araújo – de março de 1946 a julho de 1948.
2º – Capitão Clovis Nova da Costa – de julho de 1948 a agosto de 1949.
3º – Miguel Ximenes de Melo – de agosto de 1949 a julho de 1951.
4º – Professor Gerocílio Gueiros – de julho de 1951 a abril de 1952.
5º – Coronel Belarmino Galvão – de abril de 1952 a outubro de 1952.
6º – Aquilino da Mota Duarte – de outubro de 1952 a outubro de 1953
7º – José Luis de Araújo Neto – de outubro de 1953 a Maio de 1955.
8º – Tenente-coronel Auris Coelho da Silva – de maio de 1955 a novembro de 1955.
9º – General Ademar Soares da Rocha – de novembro de 1955 a abril de 1956.
10º – Capitão José Maria Barbosa – de abril de 1956 a julho de 1959.
11º – Hélio Magalhães de Araujo – de julho de 1959 a setembro de 1961.
12º – Djacir Cavalcante de Arruda – de setembro de 1961 a fevereiro de 1962.
13º – General Clovis Nova da Costa – de fevereiro de 1962 a julho de 1963.
14º – Francisco de Assis Albuquerque Peixoto – de julho de 1963 a abril de 1964.
15º – Tenente-coronel Dilermando Cunha da Rocha – de julho de 1964 a abril de 1967.
16º – Tenente-coronel Hélio da Costa Campos – de abril de 1967 a maio de 1969.
17º – Major Walmor Leal Dalcin – Ficou no governo durante 10 meses, substituindo Hélio Campos, enquanto este fazia o curso de Estado-Maior da Aeronáutica, no Rio de Janeiro.
Neste ínterim se construía o “Palácio do Governo” – inicialmente com o nome de: “Palácio 31 de Março” – em homenagem ao Movimento Militar que iniciou no dia 31/03/1964 (e, findou em 1985). Aquele prédio foi inaugurado pelo governador Hélio da Costa Campos, em 1969 e, em 1990 recebeu outro nome: “Palácio da Fronteira” (posto pelo governador Rubens Villar de Carvalho).
Em 1991, após a morte de Hélio Campos, o governador à época Ottomar de Sousa Pinto, redenominou o prédio com o nome: “Palácio Senador Hélio da Costa Campos”.
Após a desocupação do prédio antigo da “Residência do Governador”, na Avenida Jaime Brasil, passou-se a usá-lo para abrigar acervos culturais e instituições do Governo. Ali já funcionou o CEAG, o SEBRAE, a Ouvidoria do Estado e a Casa da Cultura do Estado de Roraima. E, em 1994, através do Decreto Estadual nº 723, aquele prédio passou a fazer parte do Patrimônio Histórico Estadual e, recebeu o nome de: “Casa da Cultura Madre Leottávia Zoller”.
A Madre Leottávia Zoller foi uma Irmã Missionária da Ordem Católica da Consolata que se dedicou à educação da juventude roraimense e foi precursora em atividades culturais com Teatro e Canto Coral nas escolas. Ela veio da Itália, acompanhando o bispo Dom José Nepote Fuss, em 26/04/1952. Com a Irmã Leotávia, também vieram outras freiras (madres): Camilla, Aquilina, Cristina, Leonildes, Radgundes, Marluce, e Teresa (se esqueci de outros nomes, peço perdão).
A Madre Leottavia Zoller, ao deixar Boa Vista, retornou à Itália e passou a dedicar-se a escrever a história dos milagres da Irmã Irene Stefani – uma Missionária da Consolata que se dedicou como enfermeira a tratar dos feridos nas guerras na África. O objetivo da pesquisa e trabalho da Madre Leotávia, era apresentar uma tese ao Papa, solicitando a beatificação ou canonização da Irmã Irene Stefani.
Enquanto isto, aqui em Boa Vista, a “Casa da Cultura Madre Leotávia Zoller”, na Avenida Jaime Brasil – centro -, está à espera de um milagre (no caso, o “milagre” da reforma no prédio).
Ontem, 05 de novembro, foi comemorado o “Dia Nacional da Cultura”. A data foi criada em 15 de maio de 1970, pela Lei nº 5.579, e marca o aniversário de nascimento do jurista, político, escritor e diplomata Ruy Barbosa (1849-1923).